22.12.14

#1 [odeio as manhãs]



Às vezes pergunto-me como será isso de estar preso. Um, dois, três, sete, dez, vinte anos… Por mais voltas à cabeça, não consigo imaginar o que será isso de uma vida de claustrofobia, de privação, de falta de contacto com a realidade, sem direito a gestos e pequenos prazeres que fazem parte dos dias. 
As prisões dão-nos algum conforto emocional mas devem ser questionadas. No seu “Odeio as Manhãs” Jean Marc Rouillan ajuda–nos nessa tarefa, mostrando que, mais do que uma ferramenta necessária à regulação da sociedade, estas instituições  são instrumento da violência de Estado, garantem o seu funcionamento e, de certa forma, o perpetuar os poderes instituídos.
Militante comprometido com uma transformação da sociedade por via da violência, Rouillan (n. 1952), passou mais tempo da sua vida em reclusão carcerária. O seu testemunho fala-nos das arbitrariedades, da teia burocrática, das diferenças de tratamento consoante a classe e da vingança exercída por quem ousou questionar, dos inocentes e daqueles que, por iliteracia ou qualquer outra razão, ficam enleados nas malhas da rede sem se conseguirem soltar.  
No fim da leitura, a mesma inquietação, a mesma sede insasiável, a mesma pergunta sem resposta: liberdade, onde estás?

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