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11 de Fevereiro de 1990, o dia da Libertação |
celebrava o teu regresso
E melhor.
Esta foi a mais bela
lição de esperança
pôde ter.
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11 de Fevereiro de 1990, o dia da Libertação |
#1
[...]
Quase experimental
Madrugadas tensas e
revoluções por fazer
Viagens com bilhetes
em aberto
Amores perdidos,
afogados, afogueados
Repetições, aliterações
metáforas duvidosas,
afirmações exaltadas
de uma coragem esquecida
O calor de um copo e a sede
nas margens da vida vivida
Os dedos que nunca tocam as
palavras sempre ausentes dos
dedos. Em silêncio.
Não sei que espécie
de conforto
(ou salvação)
procurar nos fundos
da poesia
16 de Julho de 2011
#1
[no miradouro mais bonito da cidade]
Sta Catarina, 3 da manhã
Falaste-me então da pororóca do Tejo
que, soube mais tarde,
também se chama macaréu.
E julguei antever, nos teus olhos,
a inquietação desse abraço
de águas aparentemente contrárias,
empurradas pelo improvável destino
de fertilizar terras secas.
Lá em baixo, acompanhando-nos,
uma estrada escura, silenciosa,
no seu curso para o mar.
4 de Julho de 2011
#1 [...]
Magoito
nesta primavera que
não sabe como começar,
sonho verão nos teus braços.
Perdido na orla,
fixo ondas, gaivotas,
a arriba em queda,
com ternura de te olhar.
Contradizendo os rochedos,
o mar encheu-te de areia
e promessas do beijo
que só as águas sabem.
No teu ventre, um rio
desafia o destino salgado:
Haverá tempo ainda
para nova ilusão?
Sintra, Maio de 2010
#1
[...]
Diário de reportagem
Com palavras precisas
(e fina ironia)
relatas o improvável
trajecto do projéctil,
as casas esventradas,
os milagres quotidianos,
a morte lenta e particular
de um povo inteiro.
Se a tensão adensa
e o grito já sufoca,
dizes-nos da dignidade,
oferecendo ao papel
pequenos morangos
cuja doçura, em Gaza,
é antagonista dessa miséria
nada humana.
Pergunto:
haverá suficiente lucidez,
ternura ou raiva,
para escrever tudo
o que os teus olhos
nos querem contar?
Sintra, 31 de Janeiro de 2009
À Alexandra Lucas Coelho, que está em Gaza