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17.8.14

#2 [Sepúlveda igual a si mesmo...]


Os caracóis que vivem no prado chamado País do Dente-de-Leão, sob a frondosa planta do calicanto, estão habituados a um estilo de vida pachorrento e silencioso, escondidos do olhar ávido dos outros animais, e a chamar uns aos outros simplesmente «caracol». Um deles, no entanto, acha injusto não ter um nome e fica especialmente interessado em conhecer os motivos da lentidão. Por isso, e apesar da reprovação dos restantes caracóis, embarca numa viagem que o vai levar ao encontro de uma coruja melancólica e de uma tartaruga sábia, que o guiam na compreensão do valor da memória e da verdadeira natureza da coragem, e o ajudam a orientar os seus companheiros numa aventura ousada rumo à liberdade.

2.10.12

#1 [quentes e boas]

La Tronchita - Daniel Mordzinski 
Era inevitável. Ainda resisti uns meses, mas acabei por voltar a cair na tentação. Por várias vezes me abeirei dele para sentir o magnetismo e, numa espécie de masoquismo, para me contrariar.
Neste tempo de vacas anorécticas, os livros continuam a ser um tesouro e um bem de primeira necessidade emocional, mas cada compra requer uma complexa cadeia de decisões…
Para que raio quereria eu mais um livro escrito por um chileno viajante se já lhe li a obra toda? Ainda por cima ilustrado com fotografias de outro mestre?… logo eu, que nem gosto disso dos retratos em branco e preto.
Pior: o livro conta histórias do sul. Mais, traz-nos o cheiro dos velhos cafés de Buenos Aires, episódios da Patagónia e das suas gentes, os ventos dessa cordilheira que, num repente, quebra na estepe, recordações dos hippies de El Bolson e de outras personagens que um dia cruzaram o meu caminho (terá sido real?)….
Não resisti e li, de um só trago, as Últimas Notícias do Sul, de Luís Sepúlveda e Daniel Mordzinski. Para castigo, passei um mês a remoer a estupefacção e a ensaiar estas palavras.
Enfim, era inevitável...

12.11.10

#1

[A Batalha do Chile]

No domingo passado fui conhecer a Casa das Histórias de Paula Rego.

Andava para lá ir quase há um ano, para conhecer o que as fotografias que fui vendo anunciavam. Não me desiludi.

Além de duas interessantes exposições sobre a obra da anfitriã e de Victor Willing (o seu falecido marido), também assisti, no âmbito do Estoril Film Festival, à primeira parte de A Batalha do Chile.

Considerado um dos melhores e mais completos documentários latino-americanos, A Batalha do Chile é o resultado de seis anos de trabalho do cineasta Patrício Guzmán. Dividido em três partes (A insurreição da burguesia, O golpe militar e O poder popular), o filme cobre um dos períodos mais turbulentos da história do Chile, a partir dos esforços do presidente Salvador Allende em implantar um regime socialista (valendo-se da estrutura democrática) até as brutais consequências do golpe de estado que, em 1973, instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet.

Saí da sala com um nó no estômago bem apertado. Sem conseguir falar muito do que vi, tenho andado a remoer nas histórias da história que ali se contam.

A insurreição da burguesia, apoiada pelo Estados Unidos, contra a dignidade que os pobres conquistaram nos mil dias da Unidade Popular foi, de facto, impressionante. Mas, como li ontem no novo livro do Luís Sepúlveda, “nunca um líder teve tanto apoio do seu povo como sucedeu com Salvador Allende, e a sua morte no Palácio de La Moneda foi a única maneira de responder dignamente a tanta entrega e generosidade”.

Há que continuar a perseguir o sonho.