31.3.04

#1

chegar a casa tarde e a más horas.
sentar-me em frente ao computador com a memória de um jantar italiano ainda presente- dom massimiliano, rua de s. bento, recomendo vivamente-, memória de um passado muito presente.
chá de camomila, que ajuda a concentrar mas não varre o sono.
no leitor de cd's o piano de brad meldhau. na memória uma canção com dez anos ou mais.
escrever ao sabor do desejo. talvez descrever.

30.3.04

#2


depois de, no principio do mês, ter assistido, estupefacto, à conferencia que duas associações próvida organizaram na assembleia da republica, hoje encontrei, no publico, alguma arguemntação que desmente com credibilidade o que ali foi dito.
nareferida sessão, dois reputados cidadãos estrangeiros (um advogado e uma dita "cientista" vieram tentar convencer os presentes de algo que parecia ser uma enorme fraude.
esta fraude antevia-se não pela associação que faziam, que até poderia ser verdadeira, entre o aborto e cancro, mas pela argumentação fraca e diabolizante que ali se utilizou. os convidados apresentaram estudos que comprovavam claramente a situação e que representavam tudo o que as mulheres precisavam de saber para não abortarem. estudos esses, que foram levados a cabo na austrália nas décadas de 70 e 80 e que, pelo seu baixo nivel cientifico, nunca foram publicados em nenhuma revista cientifica daquele país, só tendo visto a luz do dia numa manhosa revista francesa em 1995.
sobre artigos como o que aqui reproduzo, os senhores em questão dirão ser este mais um complot da industria abortista, que um deles tem vindo, ao bom estilo americano, a processar consecutivamente nos últimos anos.
resta ainda dizer que estes artistas se diziam defensores da lei irlandesa - aquela que proibe todo e qualquer aborto, mesmo em casos de violação e mal formação.
fica então um pouco de luz neste obscurantismo próvida.


Aborto Não Potencia o Cancro da Mama
Por CLARA BARATA
público, 30 de Março de 2004

Abortar não aumenta as possibilidades de vir a sofrer de cancro da mama mais tarde. Os cientistas já não tinham grandes dúvidas em relação a esta afirmação, mas este argumento surgia frequentemente, usado por organizações que se opõem à interrupção voluntária da gravidez - algo que aconteceu ainda este mês em Portugal. Agora, um grupo de cientistas relata na revista médica "The Lancet" que, após analisar 53 estudos que envolveram 83 mil mulheres em 16 países, não encontraram indícios dessa relação.

Foi a primeira vez que se compararam todos os estudos que se debruçaram sobre essa alegada ligação, sugerida na década de 70, e que foi analisada a metodologia usada. Os estudos melhor concebidos, concluiu o grupo liderado por Valerie Beral, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, não detectaram uma relação entre o aborto e o aumento do risco de vir a sofrer de cancro da mama. Mas os estudos mal concebidos - com perguntas que influeciavam a resposta, ou feitos com mulheres que tinham já cancro da mama - encontravam por vezes essa relação.

"Nunca ninguém tinha podido fazer isto. Tivemos acesso aos dados originais e podemos analisá-los com critérios iguais para todos. Podemos dizer de forma definitiva que o aborto, seja espontâneo ou provocado, não aumenta o risco de vir a sofrer de cancro da mama", disse a investigadora da Unidade de Epidemiologia do Centro de Investigação sobre o Cancro de Oxford, citada pela agência Reuters.

"O que a nossa análise mostrou é que há uma série de trabalhos que não são fiáveis. O que se sugere é que pode haver uma ligeiríssima redução no risco de sofrer de cancro da mama para quem fez um aborto", sublinhou Beral, que coordenou os trabalhos da equipa que se identifica como Grupo de Colaboração na Investigação sobre os Factores Hormonais no Cancro da Mama. Entre estes investigadores encontra-se Richard Doll, que na década de 50 relacionou o tabaco com o cancro do pulmão.

Os resultados foram apresentados sob a forma do risco relativo - um método estatístico que compara as possibilidades de vir a sofrer de cancro da mama de mulheres que já fizeram abortos com que as que nunca o fizeram. Se o risco relativo tiver um valor inferior ou igual a 1, isso quer dizer que é nulo, que não existe. E o estudo publicado na última edição da "The Lancet" aponta para um risco relativo de vir a sofrer de cancro da mama de 0,98 para as mulheres que tiveram abortos espontâneos e 0,93 para as que tiveram abortos provocados.

Os estudos considerados de má qualidade eram aqueles que os activistas antiaborto têm citado ao longo dos anos. Perguntavam a mulheres que já sofriam de cancro da mama se já tinham feito um aborto; mas era mais provável que estas mulheres revelassem ter abortado do que mulheres saudáveis, porque procuravam perceber por que é que tinham a doença. Isto enviesava as respostas, disse Beral.

Os estudos mais bem feitos, que não dependiam da memória ou de relatos feitos pelas doentes, depois de lhes ter sido diagnosticado o cancro, acompanhavam um grupo de mulheres ao longo de vários anos, registando acontecimentos relevantes para a sua saúde, como um aborto ou o surgimento de tumores na mama. Ou então foram considerados fiáveis registos oficiais de casos de cancro da mama e de abortos em países como a Suécia.

Revelador foi verificar que consoante o tipo de estudo, os resultados eram bem diferentes.
#1

já não nos bastava o cherne e agora, na ausencia deste, a chefe do governo é a manuelinha ferreira leita...
mas o mais grave é que, se nos falhar o bacalhau seco das finanças, o nosso governo-oceanário passa a ser chefiado por paulo portas, esse ministro chaputa.
na chefia do estado encontra-se, momentaneamente, mota amaral... qeu o espírito santo não se constipe!

29.3.04

#1

porque a cantiga ainda é uma arma, estas são histórias que têm de chegar a quem, como eu, nunca as viveu.

I Encontro da Canção Portuguesa - O Coliseu Encheu e Fez de "Grândola" Um Hino

Por POR MARIA GUIOMAR BELO MARQUES
Público, 29 de Março de 2004

Quem lá esteve recorda essa noite como um momento único. Nunca, até então, fora tão clara e publicamente anunciada a agonia do regime. O recurso passou por uma afinação de mais de cinco mil vozes entoadas bem alto e sem medo. Naquele dia, 29 de Março de 1974, tornou-se ainda mais clara a força da urgência de liberdade, a dimensão de uma resistência mais forte do que o medo e a cada vez menor capacidade do regime para impedir o inevitável curso da História. As muitas carrinhas da polícia de choque, que se alinharam entre a Rua Eugénio dos Santos e a Avenida da Liberdade, os muitos pides refastelados na sala, a par dos destacados para os bastidores, não foram suficientes para impedir o inevitável. O cronómetro contou a seu desfavor. E eles sabiam-no, apesar de tudo, com ainda maior rigor do que aqueles milhares que nem quiseram pensar no medo. A PIDE sabia mais e sabia melhor do que ninguém. Muito para além, seguramente, daquelas cordas vocais síncronas do Coliseu, daquele coro que estava determinado em não ser o dos caídos.

Passavam alguns minutos da uma da manhã, quando Zeca Afonso, ladeado por todos os intervenientes do concerto, entoou, pela segunda vez nessa noite, o "Grândola Vila Morena", naquele que seria o momento mais empolgante e simbólico da resistência cantada ao regime. Livres como o vento, os pensamentos, e o poema, uniram-se a uma só voz, como um pré-aviso de que a liberdade estava a passar por aqui. E, também, que não iria ficar-se por ali.

Marcado para as 21H30, não pertenceu a uma má organização, nem a um fatídico atraso português, a responsabilidade por apenas mais de meia hora depois, o espectáculo ter começado. Ao mesmo tempo que, à porta do Coliseu, centenas de pessoas sem bilhete tentavam um ingresso (o mercado negro funcionou deficientemente, mas houve quem, mesmo assim, tivesse conseguido por cinquenta escudos bilhetes de vinte) e, sem sucesso, ali se mantiveram, na esperança de um eco vindo do interior, lá dentro, onde a sala cantava, pacientemente, desconfiada, sem certezas, temas do proscrito Zeca. Talvez nada chegasse a acontecer. Nos bastidores, fervilhantes e empolgados, para os protagonistas as decisões estavam por tomar. Caetano de Carvalho, à data sub-secretário de Estado da Informação e Turismo, confrontava-se com a dificuldade em permitir a actuação de alguns dos artistas, censurando letras soletradas quase como suspiros verso a verso, ou parte destas, ao mesmo tempo que percepcionava uma sala expectante e cuja reacção era imprevisível. Simultaneamente, os organizadores discutiam a solução a dar aos versos cortados e aos temas desde logo proibidos.

Uma inevitabilidade
Negociadas inteligentemente, as soluções foram sendo encontradas. A ninguém interessava o confronto inevitável entre uma assistência determinada em fazer daquela uma grande noite e uma pide receosa, consciente de servir um regime com os dias contados. Quem ia para cantar cantou e quem ia para sublinhar refrões e desaguar poemas calados também o fez.

Tradicionalmente, os Prémios da Casa da Imprensa, atribuídos às diferentes expressões artísticas nacionais e aos seus pares, eram entregues durante um espectáculo que nunca perturbou o regime: A Grande Noite do Fado. Mas, em 1971, num acto de rebeldia então insipiente, ousou uma solução alternativa, e, recorrendo a um elenco mais abrangente e consensual, organizou aquilo a que então chamou "Música Nova", reunindo no Coliseu um conjunto de artistas oriundos de diversas sensibilidades musicais, mas, entre os quais, já então, a chamada música de intervenção pontuava. Três anos depois, foi mais audaz. Sopravam ventos de mudança auspiciosos ao ensejo.

Habituados às entrelinhas, ou seja, a semi-dizer a verdade como fuga à censura, os jornalistas, aos quais hoje se chama no melhor inglês "opinion makers", sabiam o que acontecia e o quanto não podiam contar, o que lhes era cortado pela Censura Prévia, e a melhor técnica para, de forma ínvia, o dizerem. Não é de estranhar, portanto, que formassem uma consciência esclarecida relativamente à realidade que não era dita e muito menos explicada. A Casa da Imprensa, uma Mútua na sua génese, estava, assim, particularmente bem colocada para poder ter intervenções culturais.

O I Encontro da Canção Portuguesa, como a direcção decidiu designar o espectáculo que há 30 anos ajudou a tornar ainda mais fracos os já de si frágeis alicerces do regime, foi um acto de consciência corajosa. José Jorge Letria, organizador e interveniente, na sua qualidade de jornalista "baladeiro", como risonhamente recorda o termo ambíguo que Raúl Solnado glosou no "ZipZip" (o programa televisivo que deu tempo de antena à canção de intervenção, embrulhada num formato sui generis destinado a contornar o status quo do marcelismo) recorda a complexidade que então se vivia, referindo: "Havia uma conjuntura muito complexa, porque já se tinha dado o 16 de Março, tinha saído o livro do Spínola 'Portugal e o Futuro' e a guerra colonial era insustentável. Tivemos dúvidas se deveríamos avançar com este projecto, mas a CI acabou por decidir que sim". Destemida e, até, "com alguma inconsciência relativamente às consequências possíveis", pondera hoje Letria, a CI decidiu avançar.

As autorizações, pedidas com a antecedência regulamentar, foram sendo dadas a conta-gotas. A lista dos intervenientes, facultada com o pedido de autorização para a realização do espectáculo, justificado com a entrega dos prémios, e a garantia de que nenhum deles interpretaria qualquer canção cuja letra não fosse previamente autorizada, originou respostas diversas. Os nomes de Zeca Afonso, integralmente proibido de passar na rádio, e de Adriano Correia de Oliveira originaram um pedido expresso a Caetano de Carvalho, com as garantias inerentes de que não profeririam a mais ténue palavra sem autorização. Os nomes de Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo, Rui Mingas e Teresa Paula Brito, mereceram ofício de autorização, embora o primeiro, tal como os dois últimos (Rui Mingas terá tido justificações claras sobre a sua ausência, tal como Duarte Mendes, militar de carreira) não tenham participado.

Sem incidentes
O concerto decorreu no fio do nervo. A assistência, que sabia ao que ia, correspondeu e entendeu as palavras de Mário Cardoso, então presidente da CI, quando explicou: "Para poder apresentar, esta noite, o espectáculo que se vai seguir, a CI teve de vencer obstáculos de diversa ordem, como não é difícil de calcular". Acrescentando, no fim da sua brevíssima intervenção, o pedido de colaboração: "Para que o espectáculo decorra, todo ele, da melhor forma possível. Essa será, estamos certos, a maneira de todos nós garantirmos a possibilidade de nos encontrarmos aqui, novamente, no próximo ano. Contamos, pois, com a vossa compreensão". O presidente da CI fazia, entre linhas, o pedido para que nada manchasse o sopro de liberdade que uma assistência ao rubro, mas infiltrada de provocadores, desejava ansiosamente.

O conjunto Marcos Resende, sem pejo nem fantasmas, aceitou enfrentar uma plateia sequiosa de Zeca Afonso. Injustamente mal recebido, aceitou estoicamente o facto, porque as suas letras não tinham sido sujeitas ao crivo monossilábico da pide. Carlos Alberto Moniz e Maria Amparo seguiram-se-lhe com a verdade das palavras de Zeca, mal entendidas. Manuel José Soares, pouco conhecido cantor de intervenção, ultrapassou com naturalidade a ausência do apresentador desistente José Nuno Martins, e à pergunta do público complacente "como te chamas?", respondeu com naturalidade à chamada.

Depois, sucedeu-lhe o silêncio. A plateia já tinha percebido, nessa altura, que algo se passava. Nos bastidores, continuavam a negociar-se trovas, poemas e cansaços com os sempre omnipotentes e omnipresentes pides. Os assobios e as palmas sincopadas eram-lhes destinadas. Surgiu, então, Carlos Paredes e Fernando Alvim com "Verdes Anos", um dos momentos mais aclamados da noite. A música, mesmo sem palavras, também diz coisas. Mas os censores sempre primaram por temer apenas os textos. E enquanto continuavam zelosamente a impedir letras nos bastidores, Joaquim Furtado, um bem aventurado e destemido substituto de José Nuno Martins, nomeou os premiados (uns ausentes, outros, mais corajosos, presentes), entre os quais dois se destacaram: a produção do álbum "Sobreviventes", de Sérgio Godinho, um exilado cujas músicas conseguiram entrar no mercado discográfico nacional, e Adelino Gomes, cujo trabalho no programa da Rádio Renascença, "Página Um", lhe valeu um desemprego claramente político.

Depois vieram Ary dos Santos, conotado como o letrista dos Festivais da Canção, inicialmente vaiado e pateado, mas cuja pujança poética, declamatória e pessoal, se impuseram, e mais cinco. Mais cinco mil. A Zeca, cantor proibido e odiado pelo regime, permitiram-lhe o "Grândola". Segundo Manuel Freire, ao qual os versos "voaram pela janela" (como explicou na altura) e optou por um lá, lá, lá, preenchido pela assistência, "ele queria cantar uma música com refrão e cantou o "Grândola", que era um tema pelo qual até tinha pouco apreço, mas que reunia as condições". E depois o "Milho Verde". E novamente o "Grândola", num balancear alentejanamente resistente, com todo o Coliseu a acompanhar.

Não houve represálias, ao contrário daquilo que, segundo Letria, seria de esperar. Talvez a explicação esteja nas palavras de Eugénio Alves, jornalista envolvido na organização: "Foi tudo preparado como era possível, com notícias regulares. Já tudo andava no ar, tinha havido o 16 de Março e até Marcello Caetano parecia despedir-se no seu 'Conversas em Família'. Os militares estavam na plateia e depois de pensarem usar o 'Venham Mais Cinco' como senha, optaram pelo 'Grândola'. Este espectáculo serviu para isso e, talvez igualmente importante, serviu, como diria o Zeca, para animar a malta. Que era o que fazia falta."

28.3.04

#1

margens


Um dia
Ainda morro
(de sede)
nas margens
da poesia

andré

27.3.04

#1

Ouvindo Carlos Paredes

Dedos frenéticos
acariciam o papel,
as cordas de um livro, e tocam
o marulhar longínquo
de uma cidade a pulsar,
sapatos cruzando o chão,
quebrando a areia.
afectos nas ombreiras,
palavras que não se sabem,
futilidades,
banalidades,
ilusões,
revoluções,
sonhos confessos,
sonhos esquecidos.

Os dedos tocam o papel
acariciam
corpos quebrados
e logo renascidos
copos vazios, entristecidos
mesas coxas, cadeiras nuas,
a solidão e um encontro,
uma mão longa
atravessando a noite
tocando a caricia
com dedos de papel
na manhã que rompe
um barco que chega
outro que parte,
um relógio parado,
o tempo que passa,
um palhaço cinzento
um policia colorido,
e os dedos que acariciam
um livro,
palpam nas cordas do papel
histórias antigas
notícias frescas
poemas compridos, cumpridos,
matemáticas difíceis,
encurtam distâncias
acendem esperanças
na dança que se dança
na música que não pára
no silêncio
e no êxtase.

André, 2002

26.3.04

#1

depois de, na semana passada, ter posto na rua um livro com textos escritos em homenagem a ao Mestre da guitarra portuguesa, o público de hoje traz os movimentos perpétuos- música para carlos paredes, um disco da autoria de alguns dos mais criativos nomes da música portuguesa que se faz nos dias de hoje.
saúda-se a iniciativa do jornal, que, alguns meses após o seu lançamento, disponibiliza um cd duplo por menos de metade do preço a que é vendido nas lojas de referência...
ficamos com A música do Mestre.

25.3.04

#1

sempre que ouço o paulo portas a falar da bravura e voluntarismo dos jovens portugueses - que, ao que parece, querem todos ser carne para canhão mas não sabem - penso que o gajo deve ter sido o melhor no seu pelotão de instrução militar.

24.3.04

#2

Ler Jornais É Saber Mais
Por JOAQUIM FIDALGO
Publico, 24 de Março de 2004

Há uma terrível guerra em curso no Sudão, e quase ninguém sabe. É uma guerra que não passa na televisão, porque ainda está muito longe da gente (onde fica o Sudão?, bem gostava de ver a pergunta feita a algum/a jovem licenciado/a no concurso Um Contra Todos!), porque não mete americanos, porque os grandes "media", para já, não a descobriram. Mas contam-nos os jornais (alguns jornais...) que é uma guerra trágica, semelhante ao genocídio de 1994 no Ruanda, um outro conflito que os principais "media" descobriram tarde, quando já havia milhares e milhares de mortos, daqueles que dão imagens fantásticas para o World Press Photo. Contava o PÚBLICO de sábado que num só confronto desta guerra entre etnias tinham sido violadas mais de 100 mulheres. E nós que julgávamos que só há guerra no Iraque.

Há números assustadores quanto à sida em muitos sítios de África. Na Suazilândia, por exemplo, 40 por cento da população (40 por cento da população!) está infectada com o vírus. Ali perto, no Botswana, as mais recentes estatísticas foram motivo de satisfação porque a taxa de infecção já é "só" de 37,5 por cento dos habitantes... Soube também pelo jornal. Também não me consta que a notícia tenha passado na televisão. Não é um "evento", não tem historinha dentro, não tem ministro a dizer que, não mostra gente com lágrimas, é longe e custa caro para mandar um repórter ou uma equipa. Aliás, onde fica a Suazilândia?... E o Botswana?...

Cheguemos mais perto, então. Ouçamos a miséria que mora mesmo ao pé de nós, e que não é só a do pedinte que nos toca na paragem do semáforo, pois não haveria semáforos bastantes para dar encosto a todas as misérias do país. Lá dizia o jornal: há, hoje, pelo menos 200 mil pessoas com fome em Portugal. F-O-M-E. E muitas não pedem, nem no semáforo nem em lado nenhum, têm vergonha, revolvem-se-lhes as entranhas quando não conseguem comida para dar aos filhos. "Ninguém sabe o que é eles pedirem-me pão e eu não ter para dar." Pois não, ninguém sabe. Ninguém imagina. E ninguém percebe também como é que 600 mil pensionistas sobrevivem com 208 euros por mês. E esses não são os piores - há 123 mil que só recebem 151,84 euros mensais. E outros 290 mil não vão além de uma pensãozinha de 186,16 euros. Para comer, para vestir, para morar, para tudo. Li no jornal.

Li também de um milhão (um milhão!) de pessoas que não têm água canalizada em casa, que não podem fazer aquele gesto banalíssimo e tão útil de ir à torneira. Sabemos o que custa quando a água falha por umas horitas... E onde se passa isto? Não é no Sudão, não é no Botswana, não, é aqui mesmo, em Portugal. Uma em cada dez pessoas deste país não tem o que nós temos como se fosse a coisa mais natural de se ter neste mundo. Sim, também veio no jornal. E etc.

Há muito quem ache que os jornais deviam dar mais boas, e menos más, notícias. Quem dera. Também há quem ache que o mundo devia ter muito mais boas do que más notícias para serem dadas. Quem dera...
#1

" (...) O acto decidido pelo governo de Israel é um crime: chamem-se as coisas pelos nomes. E é um crime estúpido: a longa experiência anterior de assassinatos selectivos mostra que estes não são solução para a violência nem travam os atentados suicidas"

José Manuel Fernandes, in Público, 24 de Março


depois de ler o editorial do Publico de hoje, logo me perguntei:
será que JMF já se apercebeu de que a guerra do iraque (que el apoia incondicionalmente) também é um crime estúpido, representa, entre outras coisas, um assassinato em massa que em nada contribui para a estabilização da região, não sendo por isso solução epara a paz no mundo?

23.3.04

#3

novidades na programação do próximo fim de semana na Abril em Maio



DOMINGO 28 MARÇO 22H



REPUBBLICA NOSTRA

(1995. 83’)

de DANIELE INCALCATERRA

com a PRESENÇA DO AUTOR

Enquanto alguns juízes italianos põem em causa a legitimidade da elite política e económica do pais através da operação “mãos limpas”, Silvio Berlusconi faz, graças ao seu império económico e às suas cadeias de televisão, uma ascensão fulgurante até Primeiro Ministro. Por sua vez inculpado, a sua queda é igualmente espectacular. Crónica dum período agitado (1994).

Os actores são: os juízes Antonio Di Pietro e Piercmillo Davigo, Alvaro Superchi - operário da Alfaromeo, candidato da esquerda -, Gianni Pilo, candidato da Forza Itália em Milão, braço direito de Berlusconi, e o seu instituto de sondagens largamente utilizado para decidir as grandes orientações do governo, os eleitos duma esquerda tradicional que ficam em contacto com aqueles que representam, e Berlusconi ele-próprio, principalmente através da sua imagem televisiva. Neste filme, as relações entre as diferentes componentes da vida política italiana são expostas cronologicamente, por vezes com muito humor, e a montagem tem a força da demonstração.



#3

consultando fontes pedagógicas mais esclarecidas, concluo que no post anterior incitei o governo à utilização de um trava linguas, isto é, um jogo de de palavras de proveniência popular que tem por fim, contraditoriamente, "destravar" as línguas e exercitar a dicção. Uns mais embricados que outros, caracterizam-se pela condensada brevidade da frase e pelo sobressalto das sonoridades, que a rapidez da elocução torna mais embaraçantes.
com toda esta ciência, depressa se conclui que estes rapazes ainda têm esperança.
#2

lição de dicção para os nossos governantes, desejando uma maior capacidade na utilização da letra R.

ora façam favor de repetir (força morais sarmento!!):

o Rato
Roeu
a Rolha
da gaRRafa de Rum
do Rei
da Russia.

letra R!!

agora experiemntem aplica-la à totalidade daquela frase colorida que têm no vosso site:

abril é Revolução!

isso mesmo! com umas semaninhas de treino e uns cravos na lapela, e ninguem notará a esse ligeiro atraso no vosso desenvolvimento!

22.3.04

#1


dois dias depois posso mostrar esta linda capa do il manifesto de domingo. agradeço à teresa o alojamento, um viajante precisa de bons amigos para o albergarem, nem que seja no eter ;)
#2

a estratégia das potencias imperialistas para combater o terrorismo tem-se revelado um verdadeiro apagar de fogueiras com gasolina.
o assassinato do lider do hamas pelo exercito israelita é mais um exemplo desta pirotécnia, a reacção do povo palestino é só uma labareda.
#1

a carina mandou esta mensagem aos amigos. o grafismos vem a condizer com a alegria e a mensagem original traz uma flores que não consegui transpor.
obrigadinho.
(e não sou alérgico)

Olá todos!

Como já devem ter percebido, a PRIMAVERA está a chegar! E, como de costume, aqui vai:


Feliz Primavera!!!!!!!!!!! Com muitos passarinhos, florzinhas e aquele sol de fim de tarde delicioooosooooo...!!!

Para os asmáticos e alérgicos ao pólen.... temos pena! eheheh *** :)

P.S. Se alguém souber da data precisa para este acontecimento, este ano, hora e dia, por favor avise :)

21.3.04

#1

hoje é dia de ir ao sotão buscar a caixa dos bichos da seda. é já tempo de começarem a nascer.

19.3.04

ESCLARECIMENTO SOBRE A MANIF DE DIA 20

apesar da proibição do governo civil e dos boatos em contrário, a manifestação vai acontecer.
doa a quem doer.

18.3.04

#1

Hoje

Não trago
nos olhos
a segurança
dos dias claros
Nem fecho
o punho
na certeza
da luta

Hoje
sou mais eu,
o outro
que não sabe
que não sente
que não é


andré

17.3.04

#1

Antologia poética

Gosto dos versos do meio
curtos e incisivos
irónicos por medida
Sem a extensão lírica
dos primeiros
Nem a modorra
epifania
dos que estão
antes do fim.

andré
#2


De sms em sms até ao 20 de Março

Vamos criar uma corrente na blogosfera! Participa e Divulga


Guerra e terrorismo: 2 faces do mesmo dólar !


Manifestação, Sábado, 15h, Lgo. de Camões (Lisboa) e Praça da Batalha (Porto)

Convoca tod@s os teus amigos e conhecidos para a manifestação de 20 de Março!!!

#1

faz hoje dois anos que o psd ganhou as eleições e, de brinde, uma união de facto com o pp para fazer governo.
pelas consequencias da mediocridade governativa, parece que estes tipos já lá estão há uma eternidade, mas... caramba, ainda só chegámos a metade desta tormenta!

16.3.04

#1

por causa dos ataques terroristas em madrid, o país ficou repentinamente preocupado, anda tudo a última da hora a procurar medidas de segurança adicionais para o euro 2004.
tenho uma proposta:
proceda-se de imediato à demolição preventiva dos 10 estádios onde vai decorrer a prova.

15.3.04

#2

AVISO À POPULAÇÃO

foram avistadas, nos últimos dias, andorinhas no céu de lisboa.
não existindo qualquer relação comprovada entre este facto (completamente anomalo) e e o início da primavera ou o florescer iminente dos jacarandás da rua barata salgueiro, o comité redactorial do metrografismos apela à calma e serenidade dos seus leitores e leitoras.
recomendamos, por motivos de segurança e higiene pública, a utilização parcimoniosa de óculos escuros e roupa de meia estação, alimentação equilibrada e doses moderadas de permanência no jardins da cidade, especialmente nos bancos do adamastor.
alterações ao estado das coisas serão anunciadas, neste espaço, com a brevidade que a análise da situação determinar.
antes de terminar, repetimos: não está comprovado início da primavera, há que manter a calma.
#1

e eis que o ar se torna um pouco mais respirável para os lados de madrid.

14.3.04

#3

as primeiras projecções dão uma vitória tangencial ao PSOE.
apesar das poucas diferenças da política deste partido com o pp, no que respeita ao neoliberalismo que ambos defendem, confesso que a possibilidade desta direita - que é herdeira directa de franco (o galego fraga foi ministro do ditador e padrinho religioso e político de aznar) -, sair derrotada me anima bastante, pode significar o anunciar de um novo ciclo político na europa.
vejamos o que nos diz a noite.
#2

continua a discussão em redor dos atentados de madrid.
foi a eta? foi a al qaeda?
ou terá sido essa espantosa coligação dos bascos com bin laden, adiantada por josé manuel fernandes e outros espanholistas e que faz lembrar a famosa coligação-piada Iraque/UNITA?
há até quem jure ter visto um saudita barbudo de txapela (boina basca) a emborcar cidra, paxaran e txacolli (bebidas alcóolicas mais populares naquelas bandas) nas últimas festas de s. firmin em hernani (um bastião do nacionalismo basco)...

parece que os cidadãos do estado espanhol estão a aperceber-se da manipulação que os seus governos e os seus média lhes têm imposto, esperemos que tudo isto tenha alguma repercussão nas urnas.
#1

depois de a ler de um só folego a carta da al qaeda onde se reivindicam os atentados de madrid (segue em anexo), tive vontade de gritar ao durão, esse pateta, que para desculpas ele não conta com a eta.
esse cherne fedorento, em conjunto com o pequeno portas, levaram-nos atrás de bush e de blair nessa cruzada contra o eixo do mal, pelo petróleo desprotegido.

é preciso acabar com esta guerra, é urgente o regresso dos gnr's de lá.

próximo sábado, dia 20 15h, tod@s ao largo do camões me lisboa ou à praça da batalha no porto, para dizer não à ocupação, à guerra, às mentiras e ao terror.



---xxx---xxx---xxx---xxx--


A Carta das Brigadas Abu Hafs Al-Masri
Público, 13 de Março de 2004


Em Nome de Deus, Clemente e Misericordioso, quando te castigam tens de castigar da mesma maneira os que te castigaram. Mata-os onde quer que os encontres; expulsa-os como eles te expulsaram; a traição é mais grave que o assassínio. Aos que cometem agressões contra ti, deves fazer o mesmo.

Na sua última declaração (sobre ataques à bomba em Bagdad e Kerbala) datada do 11 de Muharam, 1425 no calendário Hijri (2 de Março), a brigada Abu Hafs al-Masri prometeu que estava a preparar mais ataques.

Agora a brigada cumpriu a sua palavra. O esquadrão da morte conseguiu penetrar nas profundezas do cruzado europeu e atingir com um golpe doloroso um dos pilares da aliança dos cruzados - a Espanha. Estes ataques à bomba fizeram parte de um velho ajuste de contas com o cruzado Espanha pela sua guerra contra o Islão.

Onde está a América para te proteger hoje, Aznar. Quem te vai proteger de nós, e à Grã-Bretanha, à Itália, ao Japão e a outros agentes? Quando golpeámos as tropas italianas em Nasiriyah já enviámos aos agentes da América uma advertência: abandonai a aliança contra o Islão. Mas não entendesteis a mensagem; agora deixámo-la clara, esperamos que tenham compreendido desta vez.

Nós nas brigadas Abu Hafs al-Masri não nos sentimos tristes pela morte dos chamados civis. É legítimo que eles matem as nossas crianças, mulheres, velhos e homens no Afeganistão, Iraque, Palestina e Caxemira, e é ilegítimo que nós os matemos a eles? Deus todo-poderoso diz que "deves agredir aqueles que te agridem".

Deixem de nos tomar como alvos, libertem os nossos prisioneiros e deixem a nossa terra, deixaremos de vos atacar. Os povos dos países aliados dos EUA têm de pressionar os seus governos para que acabem imediatamente com a aliança com os EUA na guerra contra o terror, que significa guerra contra o Islão. Se persistirem, nós também continuaremos.

Queremos dizer-vos: o esquadrão do Fumo da Morte vai atingi-los em breve, e então vereis os vossos mortos aos milhares, se Deus quiser. Isto é um aviso.

Noutra operação, os Esquadrões dos Soldados de Jerusalém golpearam os judeus e os mações em Istambul, e três mações importantes morreram naquela operação, e se não fosse por uma falha técnica teriam morrido todos os mações.

Gostaríamos de dizer ao esquadrão Bilal bin Rabah que a liderança concordou com a proposta, e que quando o representante chegar, o trabalho começará.

Gostaríamos também de dizer ao esquadrão Abu Ali al-Harithi que a liderança decidiu que o Iémen será o terceiro pântano para o ídolo deste tempo, a América, para dar uma lição ao governo apostada que vem logo a seguir a Musharraf, em traição e infidelidade. Por isso, todas células devem estar em alerta e a acção começará em 4515 (código). Não se esqueçam de enfraquecer, não se esqueçam de Abu Ali al-Harithi, e não esqueçam o imã muçulmano que foi extraditado para o Egipto pelo xeque iemenita Abd al-Qadir Abd al-Aziz (Sayyed Imam Sharif). Ele foi preso três meses depois dos ataques de 11 de Setembro.

E queremos dizer aos que matam ulemas muçulmanos no Iraque que devem parar, caso contrário...

Informamos os muçulmanos de todo o mundo que estão concluídos 90 por cento dos preparativos da operação Vento da Morte Negra, para ser levada a cabo na América, e que será realizada em breve, se Deus quiser. Os crentes celebrarão a vitória de Deus.

Aviso à nação: Evitem a proximidade das instalações civis e militares da América e dos seus aliados. Deus é grande, Deus é grande - o Islão está a chegar, com o poder dos poderosos e a humilhação dos maus.

Brigadas de Abu Hafs al Masri/Al-Qaeda.

20 Muharram 1425



12.3.04

#1

o atentado de ontem chamou, de novo, a questão basca ao lume.
sem ter provas concretas, o governo do estado espanhol não tardou a pôr a culpa em cima da eta, mesmo existindo sinais ocntrários, quer por parte dos bascos que sempre foram acusados de intimos dos terroristas, bem como pelas diferenças observadas no modus operandi do atentado.
o facto é que um massacre destes com o carimbo da eta dava um jeitasso ao pp de aznar e rajoy. a exploração política qeu dele fizeram bem o prova.
mas, pelo fim da tarde, surge a notícia que todos temiamos:
a al quaeda reivindicou um atentado que tinha a sua cara.
as coisas começaram então a fazer mais sentido, o fanatismo destes ex-amigos da CIA, que não pode ser confundido com a tolerancia que a religião muçulmana incorpora, dá cartas.
os inocentes que perderam a vida foram vittimas da patetice de aznar, da sua fidelidade a bush, do servilismo, da participação nestas guerras contra o eixo do mal.
não nos podemos esquecer que o cherne e o paulinho das feiras também participaram na festa...

fica um texto que repesquei dos meus arquivos. nele falo sobre o filme la pelota vasca, piele contra piedra, um filme inquietante sobre a questão basca.


--XX--XX--XX--xx--

há, entre o branco e o preto, uma gama de cores de matizes, que importa explorar.
esta é a ideia que Julio Medem - que realizou, entre outros, vacas (1992),e os amantes do circulo polar (1998) - procura explorar, aplicando-a a uma realidade que alguns tentam ocultar: o conflito social, político e armado em Euskal Herria (pais basco).
este filme/documentario é um convite ao dialogo, diz-nos um realizador que, apesar da sua origem basca, nega qualquer simpatia com a violência ou tendencia nacionalista (na verdade, vive fora do pais basco, em madrid, há cerca de uma decada). um convite ao dialogo que é posto em cima da mesa, projectado na tela, na forma de dezenas de intrevistas a homens e mulheres que se encontram nos diversos cumprimentos de onda deste espectro que varia entre o preto e o branco, desde vitimas da ETA (sobreviventes ou familiares) a familiares dos presos, passando por distintos membros do PSOE e dos partidos de Euskal Herria. pode-se também ouvir aqui o testemunho daqueles e daquelas que sofreram tortura policial, de policias que falam da sua vida diária, escutar o que têm a dizer a amnistia internacional,l as associaçoes de apoio às vitimas, artistas, intelectuais, psicologos, sociologos, jornalistas, historiadores, e até padres - com o testemunho do clero basco e de um padre irlandês, directamente envolvido nos acordos de paz da irlanda do norte.
de fora ficam as razoes da ETA, que acabam por ser analisadas pela esquerda aberzale (nacionalista), e o partido popular de aznar, que se auto-excluiu deste documentario - chegando mesmo a procurar um caso politico à sua volta, insistindo numa ligaçao directa entre o "on" da camara digital e o gatilho de uma qualquer pistola. entre isto, há homens e as mulheres que acendem mais algumas luzes sobre um conflito que, contrariamente ao que aznar tenta vender, esta longe de ter uma resoluçao.
a diferença de opinioes é a principal riqueza de um documentario que olha para o pais basco de hoje, para a sua historia e para as alternativas que se lhe abrem, existindo, por parte do autor, uma tentiva de equilibrio e auto-regulaçao: o terrorismo da ETA é posto lado a lado com o terrorismo do estado espanhol, que se manifesta, por exemplo, pela repressao de todo o nacionalismo, pela tentativa constante de monopolizar a informaçao e de criar um sentimento maniqueista do género "ou estas com a nossa democracia ou com a pistola da ETA"... branco ou negro.
e esta diversidade de opinioes acaba por revelar algumas ideias comuns, tais como o facto de nao existir soluçao para o conflito que nao passe pelo diálogo, sendo este sistematicamente recusado pelo pp - partido que tem levado a cabo uma politica de diabolizaçao dos seus opositores para manter o status quo, para se manter no poder e para justificar (e disfarçar) as suas politicas neo conservadoras que transbordam franquismo.
vi-me perante um documento inquietante, até porque as questoes que aqui se levantam nao se restringem ao eixo politico madrid/euskal herria, sao questoes que se levantam sobre este tempo de guerra infinita e sobre o mundo em que vivemos.

11.3.04

#3

com 3 meses de antecedencia comprei bilhete para ver os pixies.
this monkey's going to heaven!!
#2

um grupo de bibliotecári@s está a levar a cabo uma petição pela defesa das bibliotecas públicas, que se encontram ameaçadas por normas europeias que querem restringir o emrpestimo de livros.
eu assinei e divulguei, o acesso livre ao conhecimento deve ser +protegido e ampliado, em nome da liberdade e da democracia.
#1

estou consternado com o que se passou em Madrid esta manhã.
tendo ou não sido a eta (ainda não se sabe), acredito que tod@s @s basc@s que, mais do que independentistas, são democratas, também compartilham esta dor.
além do horror, da desumanidade e da dor, há ainda uma coisa que me deixa revoltado com tudo isto: o pp tem a porata aberta para uma segunda maioria absoluta, este era o empurrão que faltava.

10.3.04

#2

elogio do tempo

tenho dado com o encerramento de actividades de diversos blogues.
encontrar fechadas janelas que acompanhei com relactiva frequência dá-me muito que pensar. delas fica aquilo que, no verão passado, defini como pequenas pegadas na areia dos dias, uma forma peculiar de partilha e de estar mais próximo d@s outr@s.

devo confessar também ter pensado em fechar a persiana, a diminuição da postagem dos últimos dias é disso sinal, mas, por agora, a minha vontade de metrografar ainda tem força. vejamos por quanto tempo mais.

#1

ainda bem que a lei que irá regulamentar o estatuto das medicinas não convencionais não dá cobertura a esses indignos representantes da bruxaria que hoje, em nome da ciência e da vida, vieram fazer uma obscurantista conferência em Lisboa, a pedido de dois grupos pró vida.

9.3.04

#1

não sou muito simpatizante deste tipo de testes, mas fiz este e senti-me identificado com o resultado.
parece que o espaço reduzido do meu quarto, e o seu silêncio recheado de livros, discos, fragmentos de viagens e recordações várias, tem muito a dizer.

5.3.04

#1

acho que o nosso país precisava de ser exorcitado...
haverá por aí algum professor Karamba que nos livre desta direita bolorenta que estende os braços como um polvo?

4.3.04

#3

A minha indignidade não é contra o arbitro

avelino ferreira torres, sobre os acontecimentos de domingo no campo do marco de canavezes.


alguém explica a este senhor que a sua indignidade começou há, pelo menos, 30 anos, quando andava enrolado com a extrema direita bombista?
alguém lhe diz que a sua indignidade reside no facto de, na terra que (des)governa, existirem ruas, espaços e edificios com o seu nome e, qual estalinismo à tuga, bustos seus?
alguém lhe pode fazer ver que a sua indignidade se alimenta com o facto de se julgar um cacique, dono e senhor de uma terra e de uma gente?

e já agora... era bom que alguém lhe dissesse que a sua indignação com a bola não justifica o seu (habitual) comportamento de hooligan.
#2

aqui há uns meses fiz referência à compra da voxx por luis nobre guedes, classificando-a como uma jogada berlusconiana de concentração de meios de comunicação. no mesmo post, brincava com isto, dizendo que o tipo ainda ia formar um partido à sua imagem, chamado a nossa selecção.
hoje li uma notícia no Público que materializa este pesadelo...
depois de, no sábado, termos levado com a Forca Portugal, essa coligação futebolistica em prepotente afirmação, hoje temos a novidade do fim de emissão da Voxx e da Luna - rádio da margem sul, dedicada à música clássica e ao jazz, comprada por nobre guedes na mesma altura.
De acordo com o (até hoje) director da rádio Luna, Guilherme Satter, as duas estações irão agora "calar-se" porque o novo dono "não está interessado em prosseguir com as respectivas filosofias" e passarão a "retransmitir programação de estações do grupo Media Capital Rádios".
é preciso dizer mais alguma coisa?
#1

sobre os resultados do debate de ontem na AR, tenho pouco a dizer.
da corja que nos governa não se esperava outra coisa.
ficam os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e o a saúde pública do país - pouco interesa se mal ou bem - a marinar até 2006, talvez nessa altura os senhores tenham vontade de acordar.

2.3.04

#2

poderia ser dito por qualquer defensor dos direitos das mulheres, por qualquer intelectual com pretensão, por qualquer esquerdista irritado com o governo...
mas foi escrito por um jovem de cabelo muito lambidinho e oculos estilo para dar maturidade, num tom de quem anda zangado com o rumo que o mundo leva. foi em 1982, e o colunista do jornal Tempo (semanário de 65 mil exemplares de tiragem média) era paulo portas.
podem encontrar 3 dos artigos onde o arttista discorreu sobre a matéria, no barnabé.

a festa segue dentro de momentos.

" Não tem nada a ver com a Europa um país em que o discurso da social-democracia sobre as questões morais se limita a dizer que o aborto é a restauração da pena de morte. É próprio dos mais conservadores dentro dos conservadores, e sul-americano concerteza. Não tem nada a ver com a Europa que a livre iniciativa seja um palmarés deixado vazio, preterido pelas fáceis e dóceis concessões às corporações fácticas. É próprio dos Estados sobretudo confessionais e não de sociedades civis dinâmicas. Não tem nada a ver com a Europa que se regrida a ponto de substituir o acto livre e consciente, por isso pleno e sublime de escolher uma religião, pela imposição de um princípio de obrigatoriedade, por isso sem elevação, nas escolas, de uma confissão. É próprio do passado.”

in Tempo, 20 de Maio de 1982, página 8

1.3.04

#1

nada a dizer
niente a dire
nothing to say
rien a dire
nin una ostia