Estrada de Santiago
Todos somos peregrinos. Embora por vezes nos esqueçamos
dessa condição. E abandonemos as sandálias e o burel. Mais cedo ou mais tarde
temos que voltar à estrada. Em noites como esta – tão clara – quase se
distinguem os vultos dos peregrinos. Outros que não nós prosseguem a sua marcha
por entre as estrelas. A princípio, alguns ainda começam a contar os dias.
Depois desistem, porque os dias se confundem com as estrelas – cada vez mais
inumeráveis e luminosos... E no fim de cada jornada recolhem cuidadosamente o
ouro acumulado nos seus pés.
Jorge Sousa Braga, in
O Poeta Nu