4.11.15

#2 [ Assassinos escondidos e algumas ideias feitas ]

Ao terceiro tomo da sua “tetralogia Falconiana”, Robert Wilson desviou a rota. Ou então torna um pouco mais clara a sua opinião sobre alguns temas...
O detective é o mesmo: astuto, capaz, intuitivo e romântico. Sevilha continua a revelar-se encantadora, a pedir uma visita ou um regresso. A história está bem montada e, ao lado do enredo principal, vão surgindo alguns traços de actualidade, como a violência de género ou mobilidade que os franquistas reciclados ainda têm na sociedade espanhola, o que torna o livro mais apelativo.
A tal mudança de rota de que falo está na trama principal. A história investigada por Falcon está montada em cima dos acontecimentos de 11 de Março em Madrid e da suposta ameaça de islamização da europa. Consciente ou inconscientemente, Wilson repete lugares comuns e preconceitos sobre o islão e sobre o terrorismo.
Além destas ideias feitas, o autor retoma, de forma sub-reptícia, a ligação da ETA aos atentados de Atocha, teoria que alguma direita mais radical continua a alimentar em nome dos seus interesses…