Ao terceiro tomo da sua “tetralogia Falconiana”, Robert
Wilson desviou a rota. Ou então torna um pouco mais clara a sua opinião sobre
alguns temas...
O detective é o mesmo: astuto, capaz, intuitivo e romântico.
Sevilha continua a revelar-se encantadora, a pedir uma visita ou um regresso. A
história está bem montada e, ao lado do enredo principal, vão surgindo alguns
traços de actualidade, como a violência de género ou mobilidade que os
franquistas reciclados ainda têm na sociedade espanhola, o que torna o livro
mais apelativo.
A tal mudança de rota de que falo está na trama principal. A
história investigada por Falcon está montada em cima dos acontecimentos de 11
de Março em Madrid e da suposta ameaça de islamização da europa. Consciente ou
inconscientemente, Wilson repete lugares comuns e preconceitos sobre o islão e
sobre o terrorismo.
Além destas ideias feitas, o autor retoma, de forma sub-reptícia,
a ligação da ETA aos atentados de Atocha, teoria que alguma direita mais
radical continua a alimentar em nome dos seus interesses…