O segundo romance de Alice Brito, “O Dia em que Estaline
encontrou Picasso na Biblioteca”, mantém o essencial do primeiro livro da autora: um estilo
próprio (e vernacular), várias histórias bem contadas e a mesma personagem
principal, Setúbal.
Mas não se trata de mais do mesmo. Há aqui uma reflexão
sobre a condição humana e a precariedade, sobre o tempo da híper-comunicação e
o isolamento paradoxal a que a informática por vezes nos remete, sobre as lutas
operárias e sobre algumas das utopias e dos horrores que marcaram o século XX.
Há também uma incursão às dificuldades de afirmação, neste
início do século XXI, de alternativas ao famoso princípio TINA, num percurso que remete o
leitor para o PREC e para traumas que, mal ou bem, balizam os caminhos que parecem
estar a abrir-se nos dias que correm.