11.7.14

#1 [Em busca do tempo perdido]



(…)
Procurou uma forma mais precisa de explanar o seu raciocínio.
- É como se estivesse a sonhar o sonho de outra pessoa. Como se partilhássemos os mesmos sentimentos em simultâneo. Só que não consigo perceber exactamente o que significa essa simultaneidade. Os nossos sentimentos parecem estar extremamente próximos, mas, na realidade, existe uma considerável distância entre nós.
- Quem sabe se Proust não teria intenção de criar esse tipo de sensação?
Aomame não fazia a menor ideia.
- No entanto, por outro lado – disse Tamaru -, no mundo real, o tempo avança sempre em frente. Nunca se detém e nunca retrocede.
- Sim, claro. No mundo real, o tempo avança sempre.
Ao mesmo tempo que dizia isto, Aomame olhou para a porta de vidro. Seria mesmo verdade? Que o tempo avança sempre?
(…)
Haruki Murakami in 1Q84 (3)