25.7.12

# [As Mulheres da Fonte Nova]

Histórias de luta e resistência no feminino, centradas em 40 anos do século XX mas que se esticam por todo esse centenário que a República já leva.
Alice Brito fala-nos de uma cidade que respira e, qual ser vivo, está em plena mutação. Traz-nos, essencialmente, as suas mulheres, envolvidas por uma escrita ritmada e com substância, nada excessiva na forma, embora recorrendo ao vernáculo em demasia... terá sido, certamente, uma opção consciente e até com razões sociológicas, mas, tenho de concordar com Luísa, há momentos em que aparece forçada.
Ao longo de mais de 300 páginas misturam-se, temperadas com imaginação, algumas personagens coleccionadas ao longo de uma vida (calculo eu...) e "episódios mito" transmitidos de geração em geração. Chega-se ao fim num instante, com a leitura a agarrar e a espicaçar o nervo, alimentando o desejo de uma visita tantas vezes adiada a Setúbal, a verdadeira musa deste livro.
Embora romance, não deixa de ser uma perspectiva diferente da histografia oficial dos Hermanos Saraivas desta vida e da verdade oficiosa, a da luta antifascista, tantas vezes apresentada pela perspectiva de Moscovo.