Em itália, como em Portugal, assiste-se à decadência do centro esquerda. Entre as principais medidas de corte
apresentadas pelo governo aos sindicatos encontramos a redução de
pessoal no sector público de 10% ao nível dos funcionários e 20% ao
nível dos dirigentes.
“ É só fazer as contas” avisa-nos D’Alema
Notas do tradutor
“ É só fazer as contas” avisa-nos D’Alema
Salvatore Cannavò
Artigo5 publicado em Il Fatto Quotidiano a 4 de Julho de 2012.
Entre as principais medidas de corte apresentadas pelo governo aos sindicatos encontramos a redução de pessoal no sector público de 10% ao nível dos funcionários e 20% ao nível dos dirigentes.
Entre as principais medidas de corte apresentadas pelo governo aos sindicatos encontramos a redução de pessoal no sector público de 10% ao nível dos funcionários e 20% ao nível dos dirigentes.
E pôr tudo isto em confronto com a frase “Monti enquadra-se
perfeitamente num novo centro esquerda europeu. É uma personalidade
liberal que, com a sua ação, pode mitigar positivamente as resistências
estaticistas que ainda persistem entre os socialistas. A sua insistência
no completar do mercado único é correta. Tem posições que parecem
compatíveis com o nosso horizonte programático”. Disse-o Massimo D’Alema4 no sábado passado numa entrevista ao Corriere della Sera, por sinal muito discutida.
Das duas uma, ou D’Alema de política nada percebe ou então o “seu”
horizonte programático é verdadeiramente desastroso. Suspeitamos que
ambas as afirmações sejam verdadeiras.
Tradução de André Beja para esquerda.net
Notas do tradutor
1Ministros
da economia, Administração Pública e Educação do último governo de
Berlusconi, responsáveis por, ainda antes da febre austeritária motivada
pela atual crise económica, terem conduzido uma política de feroz de
ataque ao sector público e de corte nos direitos sociais, em benefício
dos interesses privados.
2Partido
Democrático, maior partido da oposição parlamentar, auto intitula-se de
centro e é herdeiro das sucessivas transformações da linha
social-democrata do antigo PCI. O apoio dado ao governo do tecnocrata
Mario Monti e à sua política de austeridade tem gerado desconforto no
interior do partido, nomeadamente nos sectores mais à esquerda.
3As
maiores centrais sindicais têm protagonizado avanços e recuos na
oposição à política do governo, com desmarcação de greves ou a saída
abrupta de plataformas de convergência com organizações de menor
dimensão.
4Primeiro
Ministro entre 98 e 2000, período de grandes ataques no direito ao
trabalho e em que Itália alinhou com a NATO nos bombardeamentos à
Sérvia, motivos que levaram à retirada de apoio da Refundação Comunista
ao seu governo.
Como Ministro dos Negócios estrangeiros, entre 2006 e 2008, D’Alema negociou o reforço do apoio italiano à ocupação do Afeganistão, motivo que levou ao afastamento do então deputado Salvatore Cannavó e do Senador Franco Turiglato da Refundação Comunista e à consequente perda de maioria do governo de Romano Prodi.
Como Ministro dos Negócios estrangeiros, entre 2006 e 2008, D’Alema negociou o reforço do apoio italiano à ocupação do Afeganistão, motivo que levou ao afastamento do então deputado Salvatore Cannavó e do Senador Franco Turiglato da Refundação Comunista e à consequente perda de maioria do governo de Romano Prodi.
5
O título original do texto é “Spending Review”, avisa-nos D’Alema”,
expressão que remete para um procedimento de planeamento plurianual e
controle dos gastos públicos com origem em Inglaterra e que o governo de
Monti implementou este ano, dando-lhe o mesmo nome, para determinar os
cortes de despesa a realizar. A tradução literal para português da
expressão criada por Cannavó não teria qualquer sentido, pelo que se
opta por uma adaptação a uma famosa frase de António Guterres.