Carta aberta do secretário geral da FIOM ao mundo da cultura e à sociedade civil para participação na greve geral e manifestação do passado dia 9 de Março.
Apelo ao Mundo da cultura e à sociedade civil
A FIOM-CGIL1
convocou para 9 de Março uma greve das trabalhadoras e dos
trabalhadores do sector metalomecânico com uma manifestação em Roma, a
terminar na Praça San Giovanni.
A democracia e o trabalho são os temas centrais do nosso tempo em
Itália e na Europa. Porque hoje falta o trabalho, porque é cada vez mais
precário, pior pago e chegando ao ponto em que, mesmo trabalhando, se é
pobre. Porque hoje nos locais de trabalho, a começar pela FIAT, há um
risco de autoritarismo que ameaça o Contrato Nacional, os direitos
individuais e coletivos. Porque a democracia está a ser negada. Às
mulheres e aos homens que trabalham é impedido o voto livre sobre os
acordos que lhes dizem respeito e a possibilidade de escolha de quem os
representa, pondo-se em causa toda uma organização sindical e
discriminando-se abertamente os inscritos da FIOM-CGIL.
É neste contexto que o governo e a Confindustria querem fazer passar a
ideia, enganosa e inaceitável, que para sair da crise é necessário
cancelar o artigo 182
do Estatuto dos trabalhadores, depois de terem adulterado o sistema
público de pensões. Ao contrário, devem ser universais, e por isso
extensíveis a todos, a Cassa Integrazione3
como alternativa aos despedimentos coletivos e a proteção dos salários
como direito de cidadania. Na “República democrática fundada no
trabalho” que Itália deveria constitucionalmente ser, a liberdade
operária é a liberdade de todos, a segurança dos desempregados e o
superar da precariedade é a segurança de todos, uma economia
ambientalmente sustentável e um plano extraordinário de investimento
público e privado são as condições para defender os bens comuns e
construir novos postos de trabalho.
A Greve Geral e a manifestação nacional de 9 de Março são um momento
essencial não só para os metalomecânicos mas para todos aqueles que
acreditam na democracia, na justiça social, na liberdade, na informação
livre e num trabalho estável e com direitos. Neste sentido, são
fundamentais o direito a estudar, o acesso à cultura, a valorização do
património artístico e das competências.
Em nome da nossa Constituição republicana, nascida da Resistência
antifascista, convidamos todos os cidadãos não só a aderir à
manifestação, mas a fazer-se promotor e protagonista desta jornada de
mobilização, participando ativamente.
Estou convencido que a nossa luta é hoje em defesa dos interesses de
todo o país, pondo os trabalhadoras e nos trabalhadores no centro da
mobilização, e é, por isso mesmo, que seria importante para todos e
todas ter a tua assinatura e a tua presença em Roma, a 9 de Março, na
Praça San Giovanni.
Maurizio Landini
Artigo traduzido por André Beja para esquerda.net
1
FIOM - Maior federação sindical do setor metalúrgico em Itália, com
cerca de 364 mil aderentes. Integra a CGIL, a maior confederação
sindical com cerca de 5,75 milhões de aderentes.
2 Artigo do código do trabalho que garante que os despedimentos só podem acontecer por justa causa.
3 Mecanismo que garante o lay off.