14.6.07

#1
[Itália: quando o activismo se torna num risco]

Na noite do passado dia 12, Vicenzo Russo, sindicalista, activista social, militante da Refundação Comunista e da associação Sinistra Crítica em Casoria (um subúrbio de Nápoles), foi brutalmente espancado por 4 desconhecidos que o interceptaram quando regressava a casa após uma reunião. Da agressão resultaram alguns ferimentos, tendo Russo perdido dois dentes e ficado com a face deformada pela violência das pancadas sofridas.
Embora não tenha sido possível identificar os agressores, que se puseram em fuga quando Russo foi socorrido pelos seus vizinhos, tudo indica que esta agressão será obra da Camorra (a Máfia Napolitana), em resposta à forma militante e empenhada como Russo e os seus companheiros e companheiras do núcleo local do PRC têm denunciado o mau governo da autarquia e as relações entre autoridades locais e interesses obscuros. Estas denúncias levaram a que, em 2005, o executivo de centro esquerda fosse dissolvido pelo tribunal, passando a autarquia a ser gerida por uma comissão administrativa, após se ter comprovado a infiltração da Camorra nas suas estruturas.
Ao longo dos anos, o trabalho junto da comunidade imigrante, o activismo sindical, o envolvimento em movimentos pela água pública ou contra a destruição de acampamentos de ciganos, a luta contra as elevadas taxas de resíduos sólidos urbanos ou a denuncia de negócios pouco claros da autarquia com funerárias contribuíram para que Russo e @s seus/suas camaradas se tenham tornado em inimig@s de quem tem sido prejudicado pelo seu activismo cívico.
Em solidariedade com Russo, realizar-se-á no dia 15 uma concentração contra a Camorra, à qual já aderiram, além das estruturas do PRC, o Partido dos Comunistas de Itália, Os Verdes e um conjunto alargado de organizações sociais. Na Câmara Alta do Parlamento, o Senador Franco Turigliatto abordou o episódio, questionando o Ministro da Administração Interna sobre a luta contra o crime organizado.