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[explicação dos Pássaros]
Hoje o público anuncia em grandes parangonas que o Serviço Nacional de Saúde gasta 20 milhões de euros por dia ao herário Público.
Muito se fala da necessária redução da despesa. Mas, na minha modesta opinião. com a saúde a coisa não pode ser só matemática.
Primeiro é urgente assumir que a saúde não é um negócio e que os gastos com a saúde são a bem do futuro, uma vez que têm relação directa com o bem estar da população. Devido ao avanço da tecnologia e às questões demográficas, este é um sector em cuja despesa irá crescer. Mas se fosse só despesa que se tratasse, não haveria tanto interesse da parte das seguradoras e dos bancos em abocanhar o SNS.
Em Segundo lugar é importante começar a canalizar cada vez mais verbas do bolo para os cuidados preventivos, de forma a reduzir, a médio e longo prazo, a necessidade de cudiados curativos.
Em terceiro, é preciso criar um sistema justo de contribuições para o SNS, onde quem mais tem mais deve pagar. obviamente que a isto se tem de associar uma resposta eficaz e eficiente dos serviços.
Em quarto lugar, o tão urgente e necessário o corte do despesismo. A partir do momento em que o despesismo for substancialmente reduzido, cada centimo gasto com o SNS é um centimo bem gasto.
cortar o despesismo... algumas ideias
1- diminuir os privilégios das direcções hospitalares - acabam-se os carttões de crédito, limita-se a utilização de viaturas oficiais, reduz-se o número de gestores por nomeação investindo-se numa carreira pública.
2- criar um regime de separação efectiva Publico/privado, dando incentivos aos profissionais para exclusividade ao SNS. consegue-se com isto ter profissionais durante mais horas, reduzindo-se nas horas extraordinárias.
3- Criar mecanismos de cobrança aos subsistemas - a ADSE, a segurança social ou o SAMS devem milhões ao SNS.
4- criar mecanismos de aprovisionamento de escala e de pagamento célere aos fornecedores. com pagamentos a 400 dias não vamos a lado nenhum.
5- Possibilitar e incentivar formas de gestão eficiente dos serviços. dois exemplos:
1) a gestão de stocks do Hospital de Sta Maria, em Lisboa, está em implementação. O diagnóstico feito permitiu identificar desvios de material para consumo privado, quer dos funcionários quer de clínicas privadas.
2) o simples ajuste dos autoclismos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, reduzindo o volume de água por descarga (mantendo-o, no entanto, dentro dos limites considerados recomendáveis para higiene e segurança) permitiu uma considerável poupança mensa, com beneficios para a instituição e para o meio ambiente...
6- criação de serviços de retaguarda para cuidados continuados e de cuidados paleativos, ligados ao SNS. Os custos de uma cama nestas unidades de cuidados específcicos estão muito abaixo dos custos de uma cama de hospital.
7- investir nos cuidados primários, na saúde preventiva. só assim se poderá reduzir a necessidade dos outros cuidados. O desinvestimento nestes cuidados foram, a par da limitação de vagas nas universidades, o maior acto de despesismo cometido nas últimas décadas, uma vez que, ao poupar nestes campos no imediato, se originou uma despesa tamanha a longo prazo.
enfim...