2.11.04

#5
[absolvida]


Uma miúda. 17 anos, a morar num barraco, trabalhadora estudante.
Vacilou, mas tomou uma das decisões mais dificeis da sua vida.
Um enfermeiro - com letra pequena, porque @s com letra grande são solidári@s com o sofrimento- que faz uma denuncia, pondo as suas convicções morais acima do direito à privacidade, acima do dever ético do segredo profissional. Para nada, o aborto estava consumado. Ou talvez quisesse ver a míuda na cadeia, há muita gente assim.
Um país que se recusa a encarar a realidade e o drama do aborto clandestino, insistindo em perpetuar a falta de educação sexual e o direito de escolha de cada uma e cada um ao seu corpo.
Um julgamento aplaudido por muit@s, e uma absolvição que, apesar de ser a unica saída decente, não apaga a humilhação e a vergonha publica.
Estive, mais uma vez, à porta do tribunal. Voltarei a estar enquanto outros casos forem julgados, enquanto esta lei medieval não for alterada.
Tenho vergonha deste país e também daquele individuo que, acaso da vida, tem o mesmo curso que eu.