29.12.03

#1

esta história de andar por aí numa viagem de princípio distante e fim indefinido acaba por me levar a experimentar coisas, a ouvir, a apreender formas de ver, a trocar com outros pequenas coisas que mudam a vida. é a tal história dos pequenos prazeres que, por serem pequenos, são os melhores.
música... há tanta música para ser ouvida, nem que estivesse a vida toda com os ouvidos colados à aparelhagem. durante estes anos tenho encontrando autores e cantautores, colecionando sons que outr@s me vão passando e que, por isso mesmo, ficam associados a determinados momentos, a pessoas, a recordações de aromas e sabores, a idiomas e a sonhos.
um desses casos foi o do cubano silvio rodriguez, que entrou na minha vida como que por acaso e nela ficou ancorado, com a sua guitarra, a voz grave e palavras sentidas de poeta comprometido que canta. foi com ele que aprendi, entre outras coisas, castelhano, ouvindo milhares de vezes uma cassete que me fora oferecida por uma amiga numa fria noite de cáceres, no bar as meigas - não sei se ela ainda conserva a fita do sérgio godinho que lhe dei em troca, mas a que ela me deu, por sinal roubada no bar, é alvo de grande estima. no ano seguinte, numa loja no país basco, comprei um cd, de nome silvio, que me tem acompanhado e que estou a ouvir agora, fascinado como poder que estas cancões têm em se reinventar.

(...)
Yo quiero seguir jugando a lo perdido,
yo quiero ser a la zurda más que diestro,
yo quiero hacer un congreso del unido,
yo quiero rezar a fondo un hijonuestro.
Dirán que pasó de moda la locura,
dirán que la gente es mala y no merece,
más yo seguiré soñando travesuras
(acaso multiplicar panes y peces).

Yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
Allá Dios, que será divino.
Yo me muero como viví.
(...)

silvio rodriguez, el nécio, in silvio