31.8.03

#1

"I Have a Dream..."

"Cem anos depois [da proclamação de emancipação dos escravos americanos], a vida de um negro ainda está tristemente subjugada às algemas da segregação e às correntes da discriminação. Cem anos depois, um negro vive numa solitária ilha de pobreza no meio de um vasto oceano de properidade material. Cem anos depois, um negro ainda definha nos cantos da sociedade americana e é um exilado na sua própria terra."

"Devemos sempre conduzir a nossa luta no elevado plano da dignidade e da disciplina. Não devemos permitir que o nosso protesto criativo degenere em violência. Repetidamente devemos ascender às majestosas alturas de confrontar a força física com a força espiritual."

"Não podemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, pesados com o cansaço de uma viagem, não possam ter abrigo nos móteis das autoestradas nem no hóteis das cidades. Não podemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade de um negro seja de um gueto pequeno para um maior. Não podemos estar satisfeitos enquanto um negro no Mississipi não pode votar e um negro em Nova Iorque acredita que não tem motivos para votar."

"Tenho um sonho de que um dia esta nação irá erguer-se e cumprir o verdadeiro sentido do seu mote: 'Consideramos estas verdades auto-evidentes: que todos os homens são criados iguais' [citação da declaração de independência dos EUA]. Tenho um sonho de que um dia nas colinas vermelhas da Georgia os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos esclavagistas poderão sentar-se juntos a uma mesa de fraternidade."

"Tenho um sonho de que os meus quatro filhos poderão um dia viver numa nação onde serão julgados não pela cor da sua pele mas pelo conteúdo do seu carácter."

"Quando deixarmos a liberdade soar, quando a deixarmos soar em cada aldeia e cada povoado, em cada estado e cada cidade, seremos capazes de adiantar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, serão capazes de juntar mãos e cantar as palavras do antigo espiritual negro, 'Finalmente livres! Finalmente livres! Obrigado Deus todo-poderoso, somos finalmente livres!'"

Martin Luther King Jr

in Jornal Público, Quinta-feira, 28 de Agosto de 2003, 40 anos depois da Marcha Cívica