Pelo que vi e ouvi na campanha, arrisco-me a dizer que o problema da
candidatura de Edgar Silva não foi a graça do candidato (apesar do
péssimo tratamento de imagem) ou a falta de mediatismo, mas sim a
rigidez com que se apresentou e a cassete que repetiu à exaustão, que
anularam o seu potencial e revelaram que, na forma, Edgar se transformou
num típico quadro de uma certa escola partidária, daqueles que não têm
idade.
_________________________________________
Perdoai-lhes senhor...
artigo publicado em www.esquerda.net
_________________________________________
Perdoai-lhes senhor...
A minha estima por Edgar Silva vem
do tempo em que fazia um trabalho social notável com as camadas mais
pobres da população madeirense. Era miúdo e ouvia as histórias dos
“padres vermelhos” da Madeira com admiração. As TV’s e alguns jornais
começavam a mostrar a miséria que o jardinismo tentava esconder, as
desigualdades e a exploração que destruía o futuro de gente da minha
idade ou mais nova. Edgar era diferente. Jovem, com discurso aberto,
combativo.
Era também defensor da objecção de consciência ao Serviço Militar Obrigatório, opção que nessa altura eu também já fizera mas que, por via da miopia, acabei por não precisar de pôr em prática. E depois houve aquele dia em que, como bom cristão, o Padre Edgar abriu as portas e deu guarida aos camaradas que tiveram a ousadia de ir até à ilha relembrar a Le Pen que o seu fascismo cheirava (e cheira) tão mal como a bosta que lhe mandaram para cima. Amigo do meu amigo…
Quando foi apresentado como candidato presidencial, antevi um resultado extraordinário. Reconheci-lhe potencial e carisma para uma campanha mobilizadora da esquerda, rumo a uma segunda volta. O que eu nunca imaginei é que esse resultado fosse extraordinariamente baixo.
Desde domingo que muita gente tenta desvalorizar a candidatura e os partidos que o apoiam, ao mesmo tempo que se formulam teorias para explicar o desaire e se apontam nomes que, seguramente, teriam conseguido melhor resultado. Como tem sido habitual, o PCP já se veio queixar da falta de atenção mediática e garantir que valoriza mais a coerência do que a aparência ou o populismo.
Pelo que vi e ouvi na campanha, arrisco-me a dizer que o problema da candidatura de Edgar Silva não foi a graça do candidato (apesar do péssimo tratamento de imagem) ou a falta de mediatismo, mas sim a rigidez com que se apresentou e a cassete que repetiu à exaustão, que anularam o seu potencial e revelaram que, na forma, Edgar se transformou num típico quadro de uma certa escola partidária, daqueles que não têm idade.
A forma não é tudo. Mas, na disputa de ideias, é uma aliada fundamental do conteúdo e da clareza. Quando se equilibram, fazem a diferença. É isso que alguns, nas suas previsões ou nas desculpas que dão para o insucesso, continuam a não perceber.
Era também defensor da objecção de consciência ao Serviço Militar Obrigatório, opção que nessa altura eu também já fizera mas que, por via da miopia, acabei por não precisar de pôr em prática. E depois houve aquele dia em que, como bom cristão, o Padre Edgar abriu as portas e deu guarida aos camaradas que tiveram a ousadia de ir até à ilha relembrar a Le Pen que o seu fascismo cheirava (e cheira) tão mal como a bosta que lhe mandaram para cima. Amigo do meu amigo…
Quando foi apresentado como candidato presidencial, antevi um resultado extraordinário. Reconheci-lhe potencial e carisma para uma campanha mobilizadora da esquerda, rumo a uma segunda volta. O que eu nunca imaginei é que esse resultado fosse extraordinariamente baixo.
Desde domingo que muita gente tenta desvalorizar a candidatura e os partidos que o apoiam, ao mesmo tempo que se formulam teorias para explicar o desaire e se apontam nomes que, seguramente, teriam conseguido melhor resultado. Como tem sido habitual, o PCP já se veio queixar da falta de atenção mediática e garantir que valoriza mais a coerência do que a aparência ou o populismo.
Pelo que vi e ouvi na campanha, arrisco-me a dizer que o problema da candidatura de Edgar Silva não foi a graça do candidato (apesar do péssimo tratamento de imagem) ou a falta de mediatismo, mas sim a rigidez com que se apresentou e a cassete que repetiu à exaustão, que anularam o seu potencial e revelaram que, na forma, Edgar se transformou num típico quadro de uma certa escola partidária, daqueles que não têm idade.
A forma não é tudo. Mas, na disputa de ideias, é uma aliada fundamental do conteúdo e da clareza. Quando se equilibram, fazem a diferença. É isso que alguns, nas suas previsões ou nas desculpas que dão para o insucesso, continuam a não perceber.
artigo publicado em www.esquerda.net