Não gosto de rum. As noites acabam mal sempre que o bebo. Mas no outro dia encontrei, na feira da ladra, um livro com um
título promissor: «O general de todas as estrelas foi- se embora sem ter bebido um trago de havana club».
O oficial em questão foi António Ochoa, Herói do Povo Cubano que, depois da sua derradeira batalha em Angola, caiu em desgraça e acabou à frente do pelotão de fuzilamento, acusado de tráfico de droga e de outras afrontas à revolução e aos seus líderes.
O oficial em questão foi António Ochoa, Herói do Povo Cubano que, depois da sua derradeira batalha em Angola, caiu em desgraça e acabou à frente do pelotão de fuzilamento, acusado de tráfico de droga e de outras afrontas à revolução e aos seus líderes.
No prólogo, o autor começa logo por esclarecer
que, apesar de algumas personagens e factos relatados serem reais, muito do que
ali se vai ler é fruto da sua imaginação. Imaginação pouco fértil e algo amargurada, notei ao fim de poucas páginas, que desenrola uma teia mais preocupada em denunciar a decrepitude do
regime cubano do que em atar as pontas soltas que a história vai deixando - a certa
altura o personagem faz uma autocrítica por se ter esquecido dos cuidados que
aprendera na clandestinidade lusitana da na sua juventude, mas a história está
cheia de erros cometidos por pessoas que ainda vivem na clandestinidade. Do sonho e das esperanças que a revolução cubana abriram, o pouco que se diz é sempre matizado pelo grisalho da omnipresente barba do velho que ainda hoje manda nos destinos da ilha.
Apesar do teor ideológico – a forma como a
denúncia é feita é toda ela ideológica – e das pontas soltas, é um livro que se
leva bem, que faz pensar nas voltas que o mundo dá e nas mentiras que
diariamente nos contam, deste e do outro lado do oceano.
O nome do autor, Tomás Vasques, não me dizia
nada. A lombada informa que era chefe de gabinete da Câmara de Lisboa em 2001, a
recta final do mandato em que uma coligação de esquerda, muito pela arrogância e manigâncias
do seu edil, conseguiu desbaratar o prestígio que tinha acumulado desde 1989,
abrindo caminho a Santana e suas tropelias. Já depois do livro lido, percebi que se trata de um
famoso blogger e comentarista da nossa praça. Talvez se explique a amargura.