Cosmopolis de David Cronenberg |
Diziam-nos os barbudos alemães que a forma encontrada pela burguesia para vencer as crises por ela geradas era através da “destruição violenta de grande quantidade de forças produtiva” e por outro lado ”pela conquista de novos mercados e pela exploração mais intensa dos antigos”. Rematavam dizendo que tal actuação nos levaria "a crises mais extensas e mais destruidoras e à diminuição dos meios de evitá-las”.
Esta abordagem com mais de 150 anos é coincidente com a
ideia chave do filme Cosmopolis, de David Cronenberg, realizado a partir do
romance homónimo de Don DeLillo, escrito em 2003 e absolutamente premonitório
da crise que estalou em 2007 e ainda nos assola.
Não sei se de forma consciente, a história retoma esta apreciação
marxista - a passagem do Manifesto que cito é–nos apresentado de forma quase textual pela boca de um visionário
especulador de 28 anos -, explorando os aspectos da violência e da destruição a que
o próprio sistema recorre, neste início de século XXI, para se regenerar e, ao
mesmo tempo, acentuar o seu declínio.
Um filme a não perder.