23.2.12

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Li de rajada O Suplente de Rui Zink, comprado por 1,5 euros na Vandoma cá da terra.
A história é construída à volta do drama da morte por atropelamento de um miúdo, retratando (ou tentando, porque nestas coisas as palavras são sempre curtas) a forma como a dor da perda pode ser dilacerante, bem como os sentimentos de revolta e o desejo de uma justiça que possa compensar o que, no fundo, não tem qualquer compensação.
A escrita curta e aguçada, tão característica de Zink, projecta-nos um país onde a arrogância do automóvel é crescente, traçando uma cultura de mesquinhez feita de cromos da bola que não passam de figuras de estilo e de um sistema judicial que (tantas vezes…) se parece com uma anedota.
É um livro militante, onde qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. Todos nós, naturalmente peões e utilizadores de transporte por convicção, conhecemos histórias de abuso e non sense como os que o autor, recorrendo à experiência pessoal e ao seu trabalho na direcção Associação de Cidadãos Auto-mobilizados, põe ao serviço da ficção.