Li de rajada O Suplente de Rui Zink, comprado por 1,5 euros
na Vandoma cá da terra.
A história é construída à volta do drama da morte por
atropelamento de um miúdo, retratando (ou tentando, porque nestas coisas as
palavras são sempre curtas) a forma como a dor da perda pode ser dilacerante, bem
como os sentimentos de revolta e o desejo de uma justiça que possa compensar o
que, no fundo, não tem qualquer compensação.
A escrita curta e aguçada, tão característica de Zink, projecta-nos
um país onde a arrogância do automóvel é crescente, traçando uma cultura de
mesquinhez feita de cromos da bola que não passam de figuras de estilo e de um
sistema judicial que (tantas vezes…) se parece com uma anedota.
É um livro militante, onde qualquer semelhança com a
realidade não é pura coincidência. Todos nós, naturalmente peões e utilizadores
de transporte por convicção, conhecemos histórias de abuso e non sense como os
que o autor, recorrendo à experiência pessoal e ao seu trabalho na direcção
Associação de Cidadãos Auto-mobilizados, põe ao serviço da ficção.