29.11.11

#1 [pornopopeia...]

Gostei do livro, mas nem sei bem o que dizer dele...
fica a apresentação institucional :)

Zeca é um ex-cineasta marginal que ganha a vida fazendo comerciais de marcas obscuras. Quando assume o compromisso de filmar um anúncio para uma fá;brica de embutidos, é sugado por uma espiral de sexo e drogas. Depois de se ver envolvido com a morte de um traficante, o protagonista foge para uma cidadezinha praiana, onde dá; continuinidade à sua saga de atmosfera beatnik.


"O protagonista do Pornopopéia é um personagem picaresco, um Pedro Malasartes quarentão que acha que a vida é um Playcenter constante e vai tendo uma série de decepções ao longo da história" – Reinaldo Moraes

Ex-cineasta marginal obrigado, pela necessidade, a filmar vídeos promocionais, Zeca tem um único longa-metragem em seu currículo. Intitulado Holisticofrenia. Ele foi rodado sem recorrer à verba oficial ou à renúncia fiscal. "A única renúncia no filme foi à lógica", diz o protagonista. Como Zeca, Reinaldo Moraes chutou o balde vazio da literatice bem-pensante na hora de escrever Pornopopéia, onde fala sobre temas con-temporâneos como a obsessão pelo prazer e o individualismo exacerbado.

Vivendo na base do improviso, sem dinheiro, Zeca precisa rodar um vídeo insti-tucional sobre embutidos de frango. Sem saber ao certo por onde começar, no entanto, ele acaba entrando numa espiral de sexo, bebidas e drogas. Esse é o ponto de partida do romance de Reinaldo Moraes, que escreveu um livro de excessos para a era dos exces-sos.

O protagonista do livro é um produto do nosso tempo, com seu individualismo atroz e sua busca pelo prazer imediato. Sua ambição não é grande, mas seu apetite (por orgasmos e substâncias ilícitas) beira a voracidade. Essa fome o faz mergulhar numa jornada desregrada, de proporções quase épicas, que o autor narra com um texto fluido, inquieto, sempre em movimento, como o personagem.

Na contramão dos (anti-)heróis tradicionais, Zeca não está; atrá;s de redenção ou disposto a se transformar. Na maior parte do tempo, quer (muito) sexo, (muitas) drogas e mais nada. Não enxerga o ontem e o amanhã, só o agora. Esse jeito de ser eventual-mente o incomoda (“Porra, às vezes desconfio que não aprendi nada com a vida. No resto das vezes tenho certeza disso.”), mas é algo que ele resolve com mais uma dose.

Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto — de ritmo nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura —, Pornopopéia é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.

retirado daqui