6.6.11

#2
[dignidade]

“Passados estes seis anos, a irmã mais velha do socialismo e as suas instituições de poder em Praga, que fizeram de Alexander Dubcek um jardineiro, decidem chamar Emil à capital com a ideia de o promoverem, fazendo dele empregado do lixo. Esta parece uma ideia verdadeiramente boa, uma história para o humilhar, mas rapidamente se revela não ser tão boa quanto isso. Para começar, quando percorre as ruas da cidade atrás do caixote com a sua vassoura, a população reconhece imediatamente Emil, toda a gente vai à janela para o ovacionar. Depois, os seus camaradas de trabalho recusam que ele recolha o lixo e o próprio contenta-se em correr com uma passada curta atrás do camião, debaixo de encorajamentos, como dantes. Todas as manhãs, aquando da sua passagem, os habitantes do bairro destinado à sua equipa de limpeza descem até ao passeio para o aplaudirem, esvaziando o seu próprio lixo no respectivo caixote. Nunca nenhum empregado do lixo do mundo terá sido tão aclamado. Do ponto de vista das instituições do poder, a operação é um fracasso”

Jean Echenoz in Correr

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