10.6.11

#1
[tudo o que me lembrares]

Canção de barco e de olvido


Não quero a negra desnuda.

Não quero o baú do morto.
Eu quero o mapa das nuvens
E um barco bem vagaroso.

Ai esquinas esquecidas…
Ai lampiões de fins de linha…
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?

Que eu vou passando e passando,
Como em busca de outros ares…
Sempre de barco passando,
Cantando os meus quintanares…

No mesmo instante olvidando

Tudo o de que te lembrares.

Mário Quintana