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[Um ano depois, a Dedicação Total já era*]
Se a paixão do presidente da Câmara pela bola não é segredo, uma novidade veio quebrar a monotonia e equilíbrio do triângulo que tem como vértices, além de Seara, Sintra e o Futebol.
Ao admitir disponibilidade para suceder a Gilberto Madaíl na Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Seara fez o favor de esclarecer que a “Dedicação Total” com que a Coligação Mais Sintra se apresentou nas últimas eleições autárquicas era conversa de embalar.
Mas os exemplos de que o dedicado slogan não passava de enganosa propaganda abundam. Vou deter-me apenas em três.
Este lixo que nos lixa...
Quem anda, atento, pelas cidades, vilas e localidades do concelho, já reparou que os novos caixotes do lixo foram colocados em cima de passadeiras, passeios ou em locais de estacionamento, pondo em causa a mobilidade pedonal e a segurança rodoviária.
Os novos caixotes não são sinónimo de melhor higiene pública. Se em 2008, o concelho ganhou o galardão “cidades limpas”, neste fim de 2010 só se habilita a ganhar um qualquer galardão de promoção da imundice, a premiar uma tendência que já então se verificava e agora está a chegar a um estado crítico, com o lixo acumular-se na via pública e a esvoaçar pelas ruas.
Haverá quem tente dar a volta ao tema com gráficos, conferências ou explicações técnicas para as escolhas feitas, quem aponte responsabilidades à Empresa Municipal, à empresa sub contratada ou até à falta de dedicação de quem trabalha neste sector. Mas todos estes argumentos esbarram naquilo que milhares de pessoas sentem todos os dias.
Com os recursos que tem ao seu alcance, qualquer executivo totalmente dedicado já devia ter tomado medidas para inverter a situação.
Bloqueios de ordem vária
A Empresa Municipal de Estacionamento, em conjunto com a Polícia Municipal, anunciou uma operação de caça à multa e bloqueio das rodas de automóveis mal estacionados, com incidência nas zonas parqueamento pago.
Foram precisos nove anos, e uma tentativa de privatização que o Tribunal de Contas arrasou, para que a Câmara tomasse medidas concretas para pôr esta Empresa a funcionar. Mas ainda falta resolver o problema de mobilidade e estacionamento que bloqueia o Concelho, especialmente nos centros mais antigos ou onde o turismo tem mais relevância, como na Vila de Sintra ou na zona balnear.
E o betão que não pára
Um dos mitos que se ergueu em torno deste Executivo foi o de que parou o betão. Os loteamentos e condomínios privados que surgiram (ou se anunciam) para áreas nobres do concelho ou a intenção de Pimenta e Rendeiro continuar a construir nas freguesias de Massamá e Agualva, contrariam esta teoria.
Na verdade, o betão parou por causa da crise imobiliária. E o dedicado executivo da Coligação Mais Sintra, que há nove anos partilha o poder com a CDU, não aproveitou a oportunidade para tomar medidas para que, no futuro, a pesada herança do Plano Director Municipal de Edite Estrela se viesse a materializar.
Ao anunciar-se disponível para a FPF, Seara fez algo que não é habitual: clarificou a sua posição. E o mais irónico, é que o fez no dia em que se celebrava um ano das eleições. Mesmo que a transferência não se concretize, o sinal está dado: a três anos do fim de mandato, Seara está com um pé de fora. E quem, do lado de dentro, lhe cobiça a cadeira já esfrega as mãos de contente.
*Artigo publicado no Correio de Sintra nº 14, de 29 de Outubro de 2010