14.12.09

#2
[grande porra, isto da poesia]

Desertei das falanges do ouro
para vir sitiar a tua sombra.
Movias-te como se jamais te prendesse
outra lealdade
que não a interrogação
de um cais. E, porém,
os teus olhos silenciosos,
somando as imagens.
Qual pano,
desce sobre a cidade o músculo
das coisas prementes.
Das safras de pólvora colhi a tua incerteza
de rapariga. Depois, perdi-te
entre os prodígios.

Vasco Gato,
in Cerco Voluntário
(Cadernos do Campo Alegre/13, 2009)