#1
[estranha forma de vida]
Tenho lido por aí alguns desses habituais balanços que se fazem por alturas do fim de ano. Decidi fazer o mesmo.
Tive um ano intenso e trabalhei que nem um mouro, muitas horas por dia e muitas semanas sem uma pausa digna desse nome. Chego ao fim de Dezembro e ainda tenho sete dias úteis de férias para gozar. Fiz coisas chatas, que não me deram gozo nenhum.
Averbei duas derrotas de vulto. Embora tenham sido colectivas e eu tenha feito tudo o que podia, pelo papel central que tinha nos dois processos, fico a sensação de que vi a minha vida para sempre transformada.
Ainda mantenho velhas contas por acertar com o mestrado. É uma história trágico-existencial, que me provoca inércia, come o tempo livre e me enche de remorsos.
Viajei menos do que gostava. Mas mais do que a maioria das pessoa que conheço. As duas viagens que fiz foram maravilhosas e, posso dizê-lo, a Argentina ganhou um lugar especial no meu coração.
Tive poucos momentos em que consegui desligar da realidade e relaxar. Mas vi filmes que me marcaram, li muitos livros (muitos mesmo), fotografei, ouvi velhas e novas músicas, dei asas à criatividade, comi petiscos de fazer água na boca.
Apesar das dores de cabeça, os copos que bebi souberam-me sempre bem. E os outros excessos também.
Em Setembro lesionei-me numa perna, tive de parar durante 3 semanas. Durante o resto do ano corri centenas de quilómetros, andei largas dezenas e fartei-me de pedalar.
Houve momentos em que me senti profundamente só. Mas teci novas cumplicidades e reforcei laços de toda uma vida. Vi gente contente à minha volta.
Ao contrário do que seria de esperar, não me deixo impressionar pelas nuvens negras. Feitas as contas, evitando olhar as coisas pelo ângulo morto, este foi um ano cheio, onde aprendi imenso em tantas situações de grande exigência e em momentos de grande emotividade.
Saboreei algumas vitórias e continuo com alguns assuntos por resolver. Há episódios e experiências que não quero repetir e outras que gostava de compreender melhor.
Há coisas que faria de outra forma e outras que, por incrível que pareça, repetiria sem hesitar. Sei que podia ter feito tantas outras escolhas. Azar, fiz as que fiz e não há volta a dar.
Sei também que há muitas decisões por tomar e toda uma vida por (re)construir. Desde já, não preciso chegar a 2010 para pensar no assunto.