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[ainda a Valsa]
Escondida por detrás de um filme de animação, a Valsa com Bashir é uma dura viagem, feita a uma distância de 25 anos, às profundezas da existência de um rapaz enviado para uma guerra que não sabe explicar e que depressa procurou esquecer.
E é também um relato do massacre de Sabra e Chatila, a matança que Ariel Sharon, na altura ministro da defesa de Israel, não quis evitar e a que os soldados Israelitas assistiram sem reagir, ficando no ar a dúvida se não terá existido apoio logístico à intervenção dos falangista.
Com esta viagem ao (seu) passado, conduzida pelas recordações dos companheiros de guerra, Folman não tentou expiar a culpa nem aliviar a responsabilidade daquilo a que assistiu no Libano. Procurou, isso sim, reconstruir episódios que tinha deixado de fora do seu sistema emocional.
Num momento em que a violência e a brutalidade do Tsall se abate novamente sobre os Palestinianos, este filme é cheio de actualidade, mostrando bem como poderá acabar a agressão em curso a Gaza.
Por outro lado, deixa claro que a procura da solução para o problema palestiano não teve grandes cambiantes em três décadas, bem como a grande falta de memória dos líderes Israelitas que conduzem mais esta guerra: esqueceram-se das vítimas, de todas as vítimas, e da forma como o seu povo foi tratado no passado.