[o homem de quem
Olivier tem 33 anos e é carteiro. No seu curriculum tem também inscrito um mestrado em história contemporânea e duas candidaturas à presidencia da república Francesa, patrocionadas pela Liga Comunista Revolucionária (LCR).
Nas últimas semanas a sua campanha raramente apareceu nas notícias, e a sua prestação de domingo foi completamente ignorada. Mas o facto é que ele é um dos vencedores da ronda eleitoral.
Defendendo a máxima de que As nossas vidas valem mais que os lucros deles, Olivier foi o quinto candidato mais votado, a escolha de cerca de 1,5 milhões de pessoas (4,08%). É obra.
Num cenário de franca erosão da esquerda à esquerda do PSF, a sua candidatura foi a única que ampliou o espaço conquistado em 2002 (1,2 milhões de votos), deixando para trás algumas candidaturas que nesse ano tinham tido melhores resultados que ele, nomeadamente a do PCF, a dos Verdes e a da Luta Operária.
Mais do que um caso de sucesso, Olivier representa uma esperança na reconstrução da esquerda francesa e europeia, ainda mal refeita da queda do muro e do fim do socilaismo real. Esta esperança, este projecto de alternativa, vem de longe. Tem raizes no Maio de 68 e na luta contra a hegemonia do PCF no movimento operário e popular. É uma esquerda filha da luta, cresceu na rua, contra o dogma e sem se render, bebendo nos movimentos sociais a inspiração e a força para se reinventar.
A sua abertura, pluralidade e jovialidade torna-a atractiva e, ao mesmo tempo, perigosa para quem, em nome do pensamento único, deseja enterrar outras formas de ver a política.
Olivier é homem de quem não se fala. Mas chegará o dia em que é dele, dos seus companheiros e companheiras, que tod@s terão de falar.