16.1.07

#1
[Clareza nos argumentos]

Os ditos defensores da vida têm vindo a transformar os debates em que participam numa cruzada moral pela vida e pela economia do SNS. E não se envergonham de usar toda a espécie de argumentos para atordoar quem os ouve, numa verdadeira estratégia de Choque e Pavor.
O primeiro argumento usado costuma andar à volta da expressão interrupção Voluntária da Gravidez.
Dizem-nos que interrupção não é, porque uma interrupção supõe um recomeço e o aborto não permite recomeçar. Aproveitam a deixa para dizer que o que o SIM quer é liberalizar o Aborto.

Esta conversa andava a acender uma luz dentro da minha cabeça. há neste argumento um grau de imprecisão que importa observar.

Hoje sentei-me com o Dicionário da Lingua Portuguesa Comtemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, da Editora Verbo (2001) e li, na página 2142, Tomo II. A minha suspeita não era infundada:

Interromper: (...) 3. Impedir, cortar a continuação, a continuidade de alguma coisa. (...)

Interrompido:(...) 1. Que foi suspenso ou parado (...) 2. Que está impedido, obstruído.

Interrupção: (...) 3. Acção de cortar, de impedir a continuidade de alguma coisa. Interrupção Voluntária da Gravidez. (...) 5. Aquilo que faz parar, que faz cessar uma acção ou estado. (...)