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diários da Bósnia 3
Sarajevo é uma cidade cosmopolita, onde se encontram todas as religiões. contrariamente a todos os locais por onde fomos passando, nesta cidade as marcas da guerra são mais discretas. mas existem: a biblioteca Nacional Queimada, o Hotel Europa destruido, alguns remendos, alguns monumentos e o cemitério no antigo estádio Olimpico, um vale de silência onde milhares de lápides recordam...
a memória está dentro de quem vê a cidade e se recorda do que viu pela tv, está na curiosidade em perceber o que foi a vida naquele lugar durante os anos de chumbo.
a memória está também em quem nos no mercado, nos transpotes, em frente às ruinas, debruçando-nos sobre o café.
várias vezes me questionei: que faço eu aqui? um encontro com história? um olhar a realidade de outros olhos? a expiação de fantasmas? a resposta não estava escrita nem nas paredes de Sarajevo nem nos celeiros, nem nos vales, nem nas florestas, nem no pinaculo dos minaretes ou de todas as outras igrejas. não estava nos buracos das balas, nos campos minados, nas casas queimadas e nos edificios reconstruidos...
a resposta será assim um processo que ainda estou a digerir.