24.5.05

#1
[do défice]

(...) Em 2003 a despesa pública total correspondia em Portugal a 47,6% do PIB, um valor próximo da média da união dos quinze (48,3%). Contudo, registavam-se diferenças significativas entre Estados, desde a suécia, onde o Estado consome 57,6% da ruiqueza gerada anualmente, à Irlanda, onde se queda pelos 34,4%. Estas Diferenças mostram que não existe um só caminho a percorrer e que há opções políticas de fundo - isto é, de modelo de sociedade - que mesmo no seio da União Europeia são significativas. (...)

José Manuel Fernandes, no editorial do Público de hoje


JMF constata aqui o óbvio.
No desenvolver das ideias, confirmamos que a sua solução, o seu modelo, passam por uma solução mais irlandesa, isto é, pelo emagrecimento do estado, pelo fim do estado. Gabo-lhe a restia de coerencia... afinal, o marxismo, que JMF defendia há 30 anos, tem também ele como meta o fim do estado.
Mas, o mais importante que podemos retirar desta nota é que os sound bytes lançados pela imprensa, pela generalidade dos comentadores e pelos grupos patronais são, no amago, falaciosos. Vejamos então:
1- O investimento publico não é excessivo. Está é mal gerido e pode, inclusivamente, ser aumentado sem que daí venha mal ao país.
2- Não há necessidade de cortar a direito nos funcionários públicos, até porque a taxa de emprego no sector do estado está ligeiramente abaixo da média da união, isto segundo dados do final de 2004. É preciso requalificar funções e melhorar saberes, utilizando essa mais valia como sinergia para a mudança. Pode apostar-se na aposentação de algumas faixas mas envelhecidas, implicando isso o revitalizar dos quadros e não o encerramento de lugares.
3- O modelo de desenvolvimento em que portugal está atolado não é o único possível no quadro da União Europeia. O outro, o da chamada social democracia nórdica, não será muito melhor, mas parece que faz do estado, isto é, do interesse colectivo, a plataforma do desenvolvimento social. No fundo, o nosso modelo de desenvolvimento já provou nada conseguir a não ser endividamentos, aumento das desigualdades sociais, perda de oportunidades e bons negócios para alguns (muito poucos).

Em resumo, é o modelo que está errado. Mas isso não há quem queira ver.
São as regras do neoliberalismo a ditar as suas sentenças.