3.12.04

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[uma boa Notícia]


Não esquecemos nem perdoamos @s milhares de mort@s e desaparecid@s

Pinochet Perde Imunidade
Público, 03 de Dezembro de 2004

O Tribunal de Apelo de Santiago levantou ontem a imunidade parlamentar ao antigo ditador general Augusto Pinochet, de forma a poder determinar as suas responsabilidades pelo assassínio do general Carlos Prats. A Força Aérea e a Marinha reconheceram a participação de oficiais seus em actos de tortura, e os jornalistas disseram-se "envergonhados" por terem calado esses atropelos.

A decisão da instância chilena foi tomada por 14 votos contra nove e abre a possibilidade do julgamento do autocrata pelo seu eventual papel na morte do antigo comandante das Forças Armadas, vice-Presidente de Salvador Allende e ministro do Interior morto na sequência da explosão de um carro armadilhado, em Buenos Aires, no dia 30 de Setembro de 1974. O atentado, em que morreu também a mulher do militar, Sofia Cuthbert, é um dos crimes atribuídos à Operação Condor.

O veredicto deve agora ser corroborado pelo Supremo Tribunal para poder seguir o seu caminho. Em Agosto, a mais alta instância judicial chilena pronunciou-se a favor do levantamento da imunidade de Pinochet para que este pudesse ser ouvido por aquela operação - uma trama de cumplicidades entre os serviços secretos de várias ditaduras dos anos de chumbo da América Latina.

Entretanto a Força Aérea e a Marinha chilenas reconheceram quase ao mesmo tempo a sua participação em actos de tortura durante a ditadura. Os Carabineiros também.

A assunção de responsabilidades foi feita pelos respectivos comandos. Mas enquanto a aviação assumiu sem pestanejar a sua parte, os marinheiros disseram que a sua arma "nunca validou nem mesmo sugeriu a aplicação da tortura".

Os reconhecimentos seguiram-se à recente entrega ao Presidente Lagos do relatório da Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura.

Também o Colégio dos Jornalistas, a principal associação dos profissionais do sector, disse-se "envergonhada (...) por aqueles que, utilizando o nome ou o título de jornalistas, mancharam o dever de revelar uma verdade que, difundida oportunamente, teria ajudado a salvar vidas".