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[de olhos em bico]
De tão anedótica que é, esta notícia é digna do Inimigo Público.
Fica postada, para memória futura.
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China Aposta Forte na economia cubana
FERNANDO SOUSA
Público, 24 de Novembro de 2004
O Presidente chinês, Hu Jintao, concluiu ontem uma visita de dois dias a Cuba durante a qual assinou 16 acordos bilaterais nos mais diversos domínios, incluindo o níquel, a principal riqueza do país. A estada foi ainda aproveitada pelo visitante e os anfitriões, Raul e Fidel Castro, para mostrarem sintonia relativamente a questões políticas de fundo.
"Temos uma base sólida para aprofundar as nossas relações dadas as nossas grandes convergências políticas", disse o visitante, ontem, pouco antes de deixar a ilha. "Ambos escolhemos a via socialista para o nosso desenvolvimento", explicou aos jornalistas.
Hu Jintao referiu-se a Cuba como "pátria de um povo heróico" e a Castro, o seu Presidente, como o homem que soube responder a todas as suas "dificuldades".
O Presidente chinês chegou à ilha na segunda-feira, depois de visitar sucessivamente, a Argentina, onde participou no Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, e o Brasil, onde deixou vários compromissos de natureza económica. Mas os que fez em Cuba tiveram a acompanhá-los palavras diferentes.
Recebido por Raul Castro, número dois do regime, visitou logo a seguir o Presidente cubano, que o recebeu, na cadeira de rodas onde convalesce da fractura recente de um braço e uma perna, com um sonoro "Viva a China!"
Duas horas a assinar compromissos Hu Jintao respondeu com desejos de votos "sinceros" de que o povo cubano avance a bom ritmo no "caminho da construção do socialismo", após o que passou ao objectivo da viagem - a assinatura de uma série de acordos bilaterais, um deles capaz de dar algum alívio ao dramático panorama económico do país. O agravamento recente pelos Estados Unidos do embargo económico à ilha levou as suas autoridades a decretarem uma série de medidas de austeridade e a proibição de circulação do dólar americano como forma de compensarem a falta de liquidez.
Durante cerca de duas horas e perante a comunicação social as duas partes assinaram 16 compromissos nas áreas da economia, educação e saúde. O que mais publicidade teve nas agências foi o do níquel, de que Cuba possui as maiores reservas provadas do mundo - 800 milhões de toneladas.
O acordo neste caso prevê a construção de uma fábrica de extracção e de produção deste mineral, que existe misturado com o cobalto, com uma capacidade de 22,500 toneladas. A unidade será levantada na província de Holguin, a 800 quilómetros a leste de Havana, será chamada "Las Cariocas" e deverá permitir aumentar a produção cubana das 75 mil toneladas actuais para 100 mil.
As entidades detentoras do empreendimento serão a chinesa Minmetal, com 49 por cento, e a cubana Cubaniquel, com os restantes 51 por cento. Os chineses e os europeus são os maiores importadores do níquel da ilha.