#3
[O Pensador)
Dois discos marcaram o meu ano de 1994.
Um chamava-se Viagens, foi da autoria de um excentrico do Porto de boas palavras, muita música e péssima voz. Vocês sabem do que estou a falar.
O segundo veio do lado de lá do Atlântico. Numa altura em que Lula - ainda vermelho e cachorro barbado, cortesia dos inimigos (alguns agora amigos) políticos - quase foi eleito, estava repleto de consciência social, de uma revolta germinada na miséria da favela, alimentadas pela fome e injustiça, e versejadas por uma cabeça muito bem pensante, a de um tal de Gabriel.
Hoje fui ve-lo e ouvi-lo pela primeira vez, a Monsanto. O concerto foi irrepreensivel, o homem rapou, dançou e improvisou, estando em alto nível. Teve também a companhia do Senhor Godinho e dos Da Weasel, que abrilhantaram o Show.
O espaço revelou-se uma agradável surpresa, com uma vista soberba sobre Lisboa e a iluminada ponte 25 de Abril.
Ficaram-me algumas palavras que desconhecia, mas que abrem portas à imaginação:
(...)
Pensa! O pensamento tem poder.
Mas não adianta só pensar.
Você também tem que dizer! Diz!
Porque as palavras têm poder.
Mas não adianta só dizer.
Você também tem que fazer! Faz!
Porque você só vai saber se o final vai ser feliz depois que tudo acontecer.
E depois a gente pensa.
E depois a gente diz.
E depois a gente faz... o que tiver que fazer!
O que tiver que fazer! (...)
Gabriel O Pensador,
in Se liga aí