8.4.04

#3

História

Fiz sempre de casa verso um caminho para longe
uma fuga, um pranto, uma despedida,
construí sempre,
com os dilacerantes materiais uma
dolorosa arte,
uma casa na penumbra,
nos vales esquecidos.
Ninguém me visita,
ninguém sobe a minha colina,
nestes dias de inverno,
neste país do medo onde uma magoada mãe
edificou o ninho nos altos ramos da tempestade.
Ninguém reconhece, nos traços leves de cada ruga,
as aterradoras inscrições de uma vida,
as lâminas doces que atravessaram os
pulsos do sonhador.

José Agostinho Baptista