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fui dar uso ao cartão medeia.
pela quarta vez este ano senti o envolvente prazer do escuro do cinema, o silêncio da tela onde correm vidas e onde passam tempos irreais.
quando andava na faculdade era costume baldar-me às aulas à 6ª à tarde para ir às estreias do king. adorava ir lá e ter a sala só para mim, ou então encontrar estranhas personagens que, de uma forma ou de outra, me alimentavam o imaginário com as histórias que contavam ou pareciam contar.
também ia noutros dias da semana, a sala vazia e os filmes vindos de sabe-se lá onde sempre foram optima companhia. muitas vezes nem sabia ao que ia, o que deu direito a grandes surpresas, como por exemplo a vida sonahda dos anjos ou funny games, e a grandes desilusões (se bem que poucas), como o rio.
hoje fui ver a primeira parte de a melhor juventude, de Marco Tulia Giordana.
3 horas non stop, senza fermata, perdido na história de uma itália convulsa dos anos 60 e 70. a trama é ligeira, fácil de acompanhar. as referências são muitas e a fotografias é muito boa. o modo como a luz é filmada traz-me recordações exactas, faz-me divagar.
espero ansiosamente pela segunda parte, conto ve-la ainda esta semana.
fica o apontamento do público.
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É a história de uma família italiana do fim dos anos 60 até aos nossos dias. No centro da história, dois irmãos: Nicola e Matteo. No início, partilham os mesmos sonhos, as mesmas esperanças, leituras, amizades. Até ao dia em que o encontro com uma jovem rapariga com problemas psíquicos ditará o destino de cada um e separará os seus caminhos: Nicola decide estudar psiquiatria e Matteo abandona os estudos e entra na polícia. Para além dos dois irmãos, a família é ainda composta por duas irmãs, Giovanna e Francesca, o pai e a mãe, os amigos, as companheiras, os filhos... Todos eles vão fazer reviver acontecimentos e lugares que tiveram um papel crucial na história de Itália: das cheias de Florença à luta contra a Máfia, dos grandes jogos de futebol contra a Coreia e a Alemanha às canções que marcaram gerações, da cidade de Turin dos anos 70 à Milão dos anos 80, dos movimentos estudantis ao terrorismo, da crise dos anos 90 à tentativa de inovação e construção de um país moderno. As personagens perseguem os seus sonhos atravessando a História: crescem, magoam-se, criam novas ilusões em que apostam todas as suas energias. "La Meglio Gioventù - A Melhor Juventude" - título de uma recolha de poemas de Pasolini mas também uma velha canção dos caçadores dos alpes italianos - é o fresco de uma geração que, apesar de todas as suas contradições, ingenuidade ou até mesmo violência deslocada, se esforçou por tornar o mundo em algo um pouco melhor. (O filme, com duração aproximada de seis horas, é exibido em duas partes.)