15.2.04

#1

Em nosso nome não

apesar dos meses de organização, só esperavamos, no máximo dos máximos, 20 mil pessoas na rua.
quando cheguei ao largo do camões nem quis acreditar no que via: não havia espaço para mais um ovo! todas as ruas de acesso se enchiam com um massa humana gigantesca, colorida e alegre por estar alí à luz do sol. homens e mulheres, velhos e graudos, crianças, bebés, crentes e ateus, figuras públicas, ilustres anónim@s, estudantes, reformados, operários, doutores, bandeiras partidárias e sindicais, cartazes e faixas feitos de improviso por quem nunca experimentara o protesto, imaginação e esperança.
seriamos 50, 80, 100 mil? no mundo teremos sido uns trinta milhões a gritar em sintonia: Em nosso nome não!
um mês mais tarde, vimos, nas lajes, o cherne a lamber (mais uma vez) as botas a bush. Com medo do protesto, foram ao canto mais isolado da europa para assinar a guerra. nem assim se livraram de uma manif de 500 convictos pacifistas (eu estava lá, por acaso). a magoa d@s açorean@s é indescritivel...
Em nosso nome não!
não conseguimos parar a guerra, mas fizemos o mundo suspender a respiração enquanto via nascer, nas ruas, aquilo a que o new york times chamou a nova superpotência.
mostrámos aos senhores da guerra, aos bushs e aos sadans, aos tonys e aos bins, que entre o preto e o branco, existem as cores da tolerância, existem os sonhos de outro mundo, um mundo diferente, outro mundo possível. dissemos-lhes...
Em nosso nome não!
foi há um ano, em lisboa e no mundo.