6.11.18

#1 [99 anos do nascimento de Sophia]

Espero
Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.


Sophia de Mello Breyner Andresen

4.10.18

#1 [num dia como este]

RETURN

Return often and take me,
beloved sensation, return and take me --
when the memory of the body awakens,
and an old desire runs again through the blood;
when the lips and the skin remember,
and the hands feel as if they touch again.

Return often and take me at night,
when the lips and the skin remember..

C. Kavafy

1.10.18

#1 [Aznavour]


Aznavour escreveu uma das músicas da minha vida. Até hoje estive convencido que tinha sido Elvis Costello...

25.9.18

#1 [em jeito de fim de verão...]

A Magnólia 
A exaltação do mínimo,
e o magnífico relâmpago
do acontecimento mestre
restituem-me a forma
o meu resplendor.

Um diminuto berço me recolhe
onde a palavra se elide
na matéria - na metáfora -
necessária, e leve, a cada um
onde se ecoa e resvala.

A magnólia,
o som que se desenvolve nela
quando pronunciada,
é um exaltado aroma
perdido na tempestade,

um mínimo ente magnífico
desfolhando relâmpagos
sobre mim.

Luísa Neto Jorge

19.4.18

#1 [Massacre de Lisboa - 512 anos depois]

uma das poucas imagens de época do Massacre de Lisboa
Entre 19 e 21 de Abril de 1506 Lisboa assistiu a uma violenta perseguição e massacre de judeus, e cristãos novos. Terão sido 4000 as vítimas da intolerância religiosa.
Com base em relatos da época que encontrou em Istambul, Richard Zimler conta a história deste episódio negro em "O Último Cabalista de Lisboa", o seu romance de estreia (1996). Vale a pena ler.

31.3.18

#1 [O país do Carnaval]

Este é o primeiro romance de Jorge Amado, escrito quando ele tinha apenas dezoito anos. Publicado em 1931, faz um retrato crítico da imagem festiva e contraditória do Brasil, a partir do olhar do personagem Paulo Rigger, um brasileiro atormentado pela inquietação existencial que, após sete anos em Paris, regressa a um país com o qual não se identifica. Bem recebido pela crítica e pelo público, o livro aborda as questões de uma juventude plena de inquietude, numa ansiosa e mesmo angustiada busca de verdades e do sentido da vida. Trata-se, em suma, de um retrato geracional - tecido a partir das rondas de Paulo Rigger pelos círculos boémios e literários da cidade da Bahia, em inícios do século XX. No final, insatisfeito e desencantado, marcado por uma renúncia preconceituosa ao amor, que inesperadamente encontrara, e aturdido pelas contradições que o rodeiam, Rigger embarca, no porto do Rio de Janeiro, com destino à Europa. Leva consigo as suas dores, deixando para trás uma cidade alucinada pelos ritmos e brilhos do Carnaval.

15.1.18

#1 [romance de cordel]

Escrita a metro, redonda, previsível, encharcado em patriotismo e colonialismo.
Veio por engano, li-o por curiosidade sobre o estilo e serviu como vacina.

31.12.17

#1 [a fechar o ano, a Austrália]



A curiosidade, primeiro, e a teimosia, depois, agarram-me às páginas de Na Terra dos Cangurus, uma longa viagem pela Austrália do final dos anos 90, guiada pela mão e pelos olhos de Bill Bryson.
Ao longo de quase 400 páginas, Bryson – um jornalista americano com tiques britânicos e fama de especialista instantâneo em quase tudo - apresenta-nos pequenas curiosidades, estatísticas e pormenores quotidianos do “país continente” dos antípodas. 
Cheguei ao fim cansado do livro, mas com vontade…

27.12.17

#1 [dançar é sempre boa ideia]

"Vocês devia fazer outras coisas. Devia dançar. Dançar faz bem para a cabeça"

Rubem Fonseca, Agosto

22.12.17

#1 [Poder ao Povo – a esquerda italiana (de novo) em movimento]

No passado dia 17 de dezembro foi apresentada em Roma a plataforma Potere al Popolo, que agrega sectores da esquerda social e política que não se revêem nas duas vias da social democracia em presença.
Um texto e uma tradução que fiz para o esquerda.net